sábado, 25 de setembro de 2010

Mea Culpa, Culpa Nossa


“Pergunte ao criador, quem pintou essa aquarela,
Livre do açoite da senzala, preso na miséria da favela”
( "100 anos de liberdade, realidade ou ilusão?" - Hélio Turco, Jurandir e Alvinho)


Tentaram matar o samba.
Mas ele não morreu, sobreviveu.
E então tentaram matar a Mangueira,
E ela também não morreu, sobreviveu.
Depois, o atentado foi contra a bandeira
E da mesma forma, só desbotou, mas não morreu.
E como não ficaram satisfeitos,
Meterem uma faca em seu peito,
E aí não teve jeito:
Foi o sonho quem morreu!
Procurando os culpados,
Decepção, todos achados,
Devidamente identificados:
Éramos todos nós, vocês e eu!



A Mangueira é uma árvore forte e resistente, que fornece além de frutos, uma robusta e aconchegante sombra. É comum sentarmos em volta de uma Mangueira, e nos esbaldarmos de seus frutos saborosos, e ficarmos à sua sombra, à espera do fim do sol escaldante. É uma árvore que encontrou excelente clima e ambiente no hospitaleiro solo brasileiro , e já que “nessa terra, tudo o que se planta dá”, é acometida de pragas, ervas daninhas, e toda sorte de parasitas.
Quando uma Mangueira sucumbe, toda a vida em sua volta vai-se junto. Acabam os frutos, a sombra, e resta apenas o vazio, o oco, um tronco sem vida.
Preservemos a Mangueira!



Nomes de Favela
Composição: Paulo César Pinheiro


O galo já não canta mais no Cantagalo
A água já não corre mais na Cachoeirinha
Menino não pega mais manga na Mangueira
E agora que cidade grande é a Rocinha!
Ninguém faz mais jura de amor no Juramento
Ninguém vai-se embora do Morro do Adeus
Prazer se acabou lá no Morro dos Prazeres
E a vida é um inferno na Cidade de Deus
Não sou do tempo das armas
Por isso ainda prefiro
Ouvir um verso de samba
Do que escutar som de tiro
Pela poesia dos nomes de favela
A vida por lá já foi mais bela
Já foi bem melhor de se morar
Mas hoje essa mesma poesia pede ajuda
Ou lá na favela a vida muda
Ou todos os nomes vão mudar


http://www.4shared.com/audio/W4xreOK-/14_Leci_Brando_-_Nomes_De_Fave.htm


terça-feira, 21 de setembro de 2010

Manda na Lata!


“Um menino da Mangueira
Recebeu pelo Natal
Um pandeiro e uma cuíca
Que lhe deu Papai Noel
Um mulato sarará
Primo irmão de dona Zica
Foi correndo organizar
Uma linda bateria
Carnaval já vem chegando
E tem gente batucando
São meninos da mangueira”

("Os meninos da Mangueira -
Rildo Hora e Sérgio Cabral)


Nasceu no morro.
Como tantos outros, no morro cresceu.
E como muitos do morro, nem sei dizer se ao pai conheceu.
Mas, como tudo que um dia nasce, aquele menino também cresceu.
Talento foi dado de berço: Berço de samba.
Menino de morro, crioulo valente,
conhece bem cedo o quanto é difícil
viver e ser gente!
Menino “crilouro”, cabelo pintado,
“neguin viado”!
Não chegou de brincadeira: categórico, mandou na lata,
“Eu sou Mangueira!”
E de batida em batida e de tanto dizer que seria bem grande
quando viesse o dia que fosse crescer,
o menino partiu na direção da batida perfeita,
E como a vida por vezes se mostra uma estrada estreita,
O menino disse adeus, mas não em despedida!
Peito aberto, alma ferida , chorou ao ver os outros meninos
batucarem na avenida!
Chegava a hora de cumprir o destino,
e foi então que disse adeus ao menino!
Vamos homem!
Esqueceu que foi você quem disse
que não estava ali de brincadeira?
Então enxuga os olhos,
Pegue o lenço, a tua bandeira,
E manda na lata!



Ivo Meirelles é músico. Junto com Lobão, foi o inventor do “Funk`n Lata”, banda que viaja o mundo, mostrando uma mistura de samba com o funk carioca, fazendo um som totalmente ousado e “diferente”.
É autor do samba-enredo da Mangueira de 1986, um dos mais conhecidos do carnaval carioca (todo mundo já ouviu o famoso refrão “Tem xinxin e acarajé, tamborim e samba no pé”), e tem uma trajetória longa na verde e rosa, sendo membro de uma das mais tradicionais famílias mangueirenses. De estilo tido por muitos como “rebelde”, é conhecido no meio artístico principalmente por sua personalidade. Franco e objetivo, costuma “mandar na lata” o que pensa, e embora sua figura seja associada ao funk, Ivo tem fortes raízes no samba, já tendo sido diretor e Presidente da Bateria da escola mais tradicional nesse quesito. Aliás, talvez isso explique sua íntima ligação com esse setor específico da Mangueira. A idéia de fazer concurso para eleger “Rainha de Bateria” é atribuída a ele. Aliás, em seus shows é comum ver integrantes da “Surdo Um” como é denominada a bateria da Estação Primeira de Mangueira.
Ivo Meirelles foi eleito Presidente da escola em 2009, um raro exemplo de dirigente de escola de samba na atualidade que seja um “autêntico” sambista. É um artista com raízes em Mangueira a exemplo de outros grandes nomes famosos, que levam o nome da Estação Primeira por onde passam, demonstrando amor e dedicação aquela que é considerada a escola de samba mais popular do mundo.



“Não estou aqui pra brincadeira,
Quero lhe dizer que sou Mangueira”
(“Vou pra ganhar” – Ivo Meirelles)

Fontes de Pesquisa:
Entrevista concedida por Ivo Meirelles ao “Hora Sonora”, de Curitiba/PR.
“Yahoo! Música”
“Clicmusic”

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Bambas!


Não canso de agradecer e ficar feliz em receber selos, sinal de que alguém gosta do que eu escrevo sobre o samba, e sobre os grandes nomes da imensa constelação de estrelas que formam o céu da minha Estação Primeira de Mangueira! Recebi do “Ampulheta”, do “Vaunei Guimarães” e do “Alguém me Ouviu”, cujos links estão nos meus “Blogs de Ouro”, basta clicar e se deliciar, mais alguns presentes (sim, são presentes e são valiosos pra mim!)
Cada vez que alguma coisa que tenha partido de mim cause em alguém um sorriso, um ensinamento, uma manifestação de satisfação, uma só que seja, será o suficiente para que eu continue fazendo essa coisa. Não me importa quantos eu possa atingir, mas o quanto eu possa fazer para alguém. Nem que seja para uma única pessoa!

Obrigado a todos esses amigos blogueiros!

Bom, como foram muitos, eis os que eu indico e ofereço selo, reconhecimento e aplausos pelo trabalho que fazem, cada qual a suma maneira, todos de ótima qualidade!
Basta cada um pegar seu presente!

Selo ESCRITORES VIRTUAIS



Palavras ao Vento








Selo BLOG DE OURO



Orientação Vocacional e Informação Profissional
http://inezpsi.blogspot.com/







Selo SE SEU BLOG FOSSE MÚSICA, EU NÃO CANSARIA DE OUVIR


Blogando com Renan
http://blogandocomrenan.blogspot.com/












E para todos esses, eu ofereço, além dos que ofereci individualmente cada um dos selos, o SELO DE QUALIDADE, que tem uma regra:

1 – Indique-o para 9 blogs!
2 – Fale 9 coisas sobre você!

Para todos os demais selos, a regra é indicar alguns blogs para recebe-lo, e na postagem que fizer, citar o nome do blog que lhe presenteou!

domingo, 12 de setembro de 2010

Nó na garganta, nó da madeira: NOSSA MANGUEIRA!


E seguiu a alegoria,
vermelha como a cor dos olhos da imensa nação,
Rumo à apoteose, para enfim, a dispersão.
A olhar da arquibancada uma platéia fria: concreto e ferro; poesia.
Ao fundo a marcar a cadência das lágrimas, batida única,
Um surdo a emoldurar o canto mudo da harmonia
E foi seguindo, em evolução, um conjunto de sentimentos,
Saudade, orgulho, e a emotiva felicidade
De um samba-enredo que em desespero
Desabrochava num só refrão:
“Ô ô ô ô,
a Mangueira chegou!”
A bandeira não girava, apenas repousava solenemente
A cobrir o mestre-sala que trazia na garganta
o cortejo mais nobre da fantasia de toda aquela gente
Que sobe e desce ladeira
Segunda à Sexta-feira.
Sábado e domingo, feira!
Um enredo lapidado por quase uma centena de anos,
E por algumas outras dezenas deles, entoando dedicação,
E talvez por milhares de vezes
Por esse país que passa da casa do milhão.
E aplaudiu a multidão, em silêncio o desfile,
Que acabou!
Campeão!






José Bispo Clementino dos Santos, nasceu em 12/05/1913, no Rio de Janeiro. Foi engraxate e vendedor de jornal, até conhecer a música, e foi logo tocar tamborim e cavaquinho nos subúrbios cariocas.
Com 15 anos, conheceu a Mangueira, e foi logo para a bateria da escola. Participando das rodas de samba na Praça XI, sua voz foi logo notada, e daí para ser cantor de gafieiras, foi um pulo. Na década de 40, mais precisamente em 1945, apresentou-se num show de calouros, cantando o clássico “Ai que saudades da Amélia” e seu “Gogó de Ouro” chamou logo atenção da gravadora Continental, que o contratou. Surgia nessa época o emblemático JAMELÃO.
Com sua voz, eternizou os sambas-canções, e a música de Lupicínio Rodrigues, brilhou nos palcos através do talento do “cantor das multidões” ou o maior cantor de dor-de-cotovelo de que se tem notícia.
Sua carreira solidificou-se e seu contrato de exclusividade com a gravadora, não permitia que “a voz do samba” gravasse as faixas da verde e rosa nos discos oficiais (que eram por outro selo). Somente em 1986, Jamelão deu voz ao samba da Mangueira na faixa do disco oficial, mas na avenida, sempre fora ele, desde 1949 a defender as cores do pavilhão de que tanto orgulhava-se.


No carnaval de 1985, devido a compromissos em São Paulo, e por conta de um famigerado atraso de vôo, somente conseguiu chegar ao Sambódromo quando a Mangueira já estava desfilando, e foi a única vez, pelo menos que eu tenha notícia, que sua voz não foi ouvida no desfile oficial da escola durante o mais de meio século como a voz oficial do samba verde e rosa.
Após o carnaval de 1990, Jamelão disse que encerrava sua carreira de cantor dos sambas da escola, mas no carnaval seguinte lá estava ele, firme e forte.
Ao todo, foram 6 Estandartes de Ouro (prêmio do carnaval carioca).
Em 2001, foi elevado a “Presidente de Honra” da Estação Primeira de Mangueira, e nesse mesmo ano, recebia do então Presidente da República a “Medalha da Ordem do Mérito Cultural” comenda máxima que uma personalidade pode receber no País, pelo conjunto de sua obra, e pela contribuição para a cultura do Brasil.
Em 2006, Jamelão defendia a Mangueira em desfile pela última vez, não por que queria, mas a saúde já não mais o permitiria no ano seguinte.
No ano de 2008, aos 95 anos, Jamelão saiu de cena para entrar para a eternidade!
Aliás, Jamelão apenas saiu de cena em 2008. Na eternidade ele havia entrado fazia tempo!






“A vida dura que conhecera desde pequeno, no Engenho Novo, vendendo jornal, engraxando sapatos ou como operário na fábrica de tecidos Confiança, a dos três apitos cantados por Noel, o rondava novamente, muito embora fosse funcionário público aposentado da Secretaria de Segurança do Estado do Rio. O disco que lançara no ano anterior Por Força do Hábito, pela Som Livre, não havia funcionado bem, apesar de sua disposição para divulgá-lo. “É só me chamar que eu vou, para emissoras de rádio, televisão, entrevistas, shows. Tô nessa!”, disse em entrevista ao jornal O Globo. Com Jamelão desapareceu o último grande cantor de sambas-canção em atividade e um tipo de puxador de samba de escola que deixou raríssimos seguidores, todos eles pouco expressivos.”
http://veja.abril.com.br/blog/passarela/figuracas/jamelao/


"Miiiiiiiiiiiiiiiinha Mangueira"


(Jamelão)



Fontes de Pesquisa:

“Uol Educação – Biografias”

“Veja on line”

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

"Quando derem vez ao morro...Toda cidade vai cantar!"

Para se compreender a “magia” que envolve o Morro da Mangueira, sua importância cultural, e seu poder transformador dentro de uma sociedade cheia de problemas que todos nós conhecemos, é preciso fazer uma rápida viagem no tempo e na história do Rio de Janeiro.



No ano de 1908, o Centro do Rio, habitado principalmente por ex-escravos e seus descendentes (vindos da Bahia), sofreu uma reforma em sua estrutura arquitetônica, e não é difícil imaginar que esses moradores tiveram que procurar outros espaços para fixar moradia. Não foi um acaso do destino que levou grande parte deles para o Morro da Mangueira e adjacências. Perto dali, no morro, existia uma fábrica de chapéus, que ficou conhecida por “Chapéus Mangueira” devido a grande quantidade da árvore no local. O português Tomas Martins, tratou de povoar a região, visando evidentemente o lucro, uma vez que seria mais barato aos trabalhadores da fábrica residirem ali tão próximos, e com isso, o Morro foi ganhando mais e mais moradores. Evidentemente que os habitantes, devido suas origens, levaram para o local também seus costumes, sua cultura, e foi assim que o samba foi pra lá, fixar moradia.
O que o destino já havia escrito e ninguém sabia, é que bem perto dali, um certo Agenor, assíduo freqüentador das rodas de samba do Estácio (tido como o verdadeiro berço do samba), por problemas financeiros, teve que se mudar de Laranjeiras, seu bairro de origem, e foi instalar-se justamente naquele lugar, que já conhecia por ser freqüentador das rodas de samba que faziam no local e pelos blocos carnavalescos que lá existiam!

Pronto! O “acaso” fez um dos casamentos mais perfeito que se tem notícia na história da cultura nacional. Cartola, talentoso que era, tratou logo de atrair os grandes bambas das rodas do Estácio para o Morro, e a química perfeita formou-se: morro – favela – descendentes de escravos, e o samba parecia ter encontrado no solo mangueirense seu habitat natural.
Mas isso ainda era a ponta de um iceberg! O samba originalmente era um ritmo discriminado, marginalizado, tipificado até os dias de hoje pelo malandro carioca, e opinião minha, talvez por isso, tenha dado tanto certo no Morro da Mangueira. Sua localização geográfica, embora privilegiada (o Morro não fica no fim do mundo, pelo contrário, fica ali, encravado no coração do Rio), por ser no alto, num lugar tão evidente e ao mesmo tempo tão isolado, talvez tenha encontrado a paz que precisava para fluir naturalmente. Disso para a criação da escola de samba foi um pulo. Lá já existiam diversos ranchos e blocos, e aí começa a acontecer um fenômeno que viria a ter reflexos mais tarde, e que todos nós conhecemos. Percebeu-se que somente a união poderia dar voz mais alta ao movimento e a agregação de valores comuns (afinal de contas, todos eram marginalizados) deu força a voz que vinha do alto do Morro.
Mais uma uma vez, o destino foi generoso com a Mangueira. Cartola era um gênio da música, e a ele juntaram-se tantos outros, como Nelson Cavaquinho, Carlos Cachaça, Zé Ketti (que conheceu o samba de raiz em Mangueira), Padeirinho, e tantos e tantos outros de igual talento, e através das obras desses ícones da MPB, a Mangueira ganhava prestígio e status de celeiro.
Assim como esses, outros contemporâneos lançaram olhares sobre aquele lugar que inexplicavelmente ia na contramão do que parecia óbvio, ou seja, a segregação e o esquecimento. O fenômeno das favelas foi tomando conta do Rio, e com ele toda a sorte de preconceitos. Mas a Mangueira já tinha conquistado a todos, devido ao incontestável talento de seus bambas, que estampavam o orgulho mangueirense em suas obras. Muitos foram os grandes nomes da música que flertaram, ou se entregaram ao talento Mangueirense. Artistas hoje consagrados dos mais diversos segmentos musicais, de uma forma ou de outra, foram conhecer de perto o som que vinha daquele morro. A elite da bossa nova, a contestação da Tropicália, a busca de identidade do Rock Nacional, e movimentos mais contemporâneos como o funk, e outros derivados do samba, todos eles, de alguma forma exaltaram e ainda o fazem com a Mangueira.
O poder transformador do samba que vem do Morro da Mangueira, tem ainda papel fundamental na transformação social daquela comunidade, mas isso é assunto para uma próxima postagem.



"Mangueira é
Um canto de fé
Que leva o samba
Na poeira e no pé"
(Eraldo Faria, Geraldo das Neves, Flavinho Machado)


Fonte de pesquisa:
“Folião da Mangueira: Identidade e sociabilidade”
Carolina Marques Henriques

Universidade Federal do Rio de Janeiro
“III Simpósio Nacional ABCiber - Dias 16, 17 e 18 de Novembro de 2009 - ESPM/SP - Campus Prof. Francisco Gracioso”

Capital Social na Favela da Mangueira”
Maria Alice Nunes Costa

"RIO DE JANEIRO: TRABALHO E SOCIEDADE - Ano 2 - Nº 3"
*artigo integrante da dissertação de mestrado da autora,intitulado “Samba e Solidariedade:capital social e parcerias coordenando as políticas sociais da Mangueira,RJ., 2002, Programa de Pós-Graduação em Antropologia e Ciência Política da Universidade Federal Fluminense.

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Selos e Agradecimentos


Recentemente fui presenteado pelo blog do Vaunei Guimarães, que leva seu nome e já está listado entre os meus “Blogs de Ouro”, com dois selos.
Já agradeci na página dele, mas venho novamente agradecer pelo reconhecimento. Eu escrevo com meu coração, e claro, sou vaidoso e humano, e adoro receber elogios. Mas, acima de tudo, quero levar um pouco de samba, cultura, e dismistificar a idéia que o Morro (de Mangueira, que é meu foco), é lugar de marginal, violência e criminalidade O samba feito no Morro é de alta qualidade, as pessoas que vivem lá são comuns, como todos nós, e tem problemas sociais, como muitos de nós! Os problemas que lá existem, não são exclusividade de lá, são igualmente comuns a tantos outros lugares, seja ele o mais pobre morro ou o mais nobre dos bairros.
No samba, está a expressão mais pura de nossa cultura, e no meio daquela gente que sofre problemas como todos nós, existe muita alegria, talento, orgulho e acima de tudo, dignidade. O samba que vem dos morros, e nesse caso, do Morro de Mangueira, é a prova maior da resistência de uma gente que, como todo brasileiro, nunca desiste de ser feliz!

Obrigado pelo reconhecimento!

Hoje vou postar um, e mais adiante, o outro:
“Selo Versatile Blogger”

Regras:
Postar 9 coisas sobre mim e indicar 4 blogs

1 – Sou Mangueirense!
2- Meu time de coração é o Fluminense/RJ (o mesmo do Mestre Cartola)
3 – Ao contrário do que possa parecer, não gosto apenas de samba, na verdade meu gosto musical é bastante eclético. Adoro samba, música eletrônica, bossa nova e MPB de um modo geral.
4 – Meus ídolos, são: Ayrton Senna e Elis Regina (são ímpares!)
5 – Adoro programas de humor, não os pasteurizados, mas os mais besteiróis mesmo.
6 – Meu defeito é ser destemido. Sim é um defeito, porque o medo é um aliado, mas eu não consigo ter medo de nada!
7 – Tenho mais de 30 anos e menos de 40 (kkkkkkkkkkkkkkk)
8 – Eu sou feliz, embora tenha momentos de tristeza.
9 – Otimismo sempre: eu acredito de verdade nas pessoas e nas boas intenções.

Meus indicados:

www.ogroland.blogspot.com

quinta-feira, 2 de setembro de 2010

O rugido "da" Leão


Sou a mulher mais corajosa que conheço. Na intimidade, podem me chamar de Nara Coração de Leão.” (Nara Leão)


Na infãncia, era apenas uma menina tímida.
Filha da Zona Sul carioca, chegou à maturidade em plena ditadura militar e nos anos ditos “dourados”, embora nem tudo que reluza seja ouro, já dizia a avó de todos nós.
A bossa nova nascia num apartamento, numa roda de amigos, que cansados da mesmice das músicas da época, faziam novas experiências e queriam algo genuinamente nosso.
O apartamento ficou pequeno, o palco ficou pequeno, o Brasil ficou pequeno. A timidez ficou pequena, e aí, quem se apequenou foi a ditadura. Como conter o rugido doce e firme de um Leão de verdade?
As amarras e as jaulas não foram capazes de conter a fúria incontrolável daquela voz.
Até hoje Nara Leão é um ícone da bossa nova. Na voz de Nara, o ritmo “desafinado” ganhou o País e o mundo.
A fera, que já trazia no sobrenome sua força, fez do seu talento muito mais que uma voz a serviço da música. Sua voz serviu para protestar, para ousar, para enfrentar o regime opressor, e a própria opressão social.
Aquela suavidade escondia uma mulher engajada, e para surpresa de todos, em seu disco de estréia, quem esperava apenas bossa nova, enganou-se.
No ano de 1964, Nara Leão lançava seu primeiro LP, de nome “Nara”, e surpreendendo público, críticos e ditadura, resgatava artistas que tinham a seu favor apenas o talento. Longe dos holofotes, os sambistas do morro não produziam comercialmente, e suas obras ficavam à mercê da sorte e do bom gosto daqueles que sabiam reconhecer na simplicidade, naquela gente simples, a mais pura poesia.
Seus estrondoso show “Opinião”, que deu nome ao segundo disco da cantora, também naquele ano, levava ao estrelato os artistas dos morros cariocas. De forma impetuosa e desprovida de quaisquer preconceitos, a garota da elite da Zona Sul carioca cantava sambas de autores até então pouco conhecidos, ou não reconhecidos pura e simplesmente por serem do morro.
E foi assim que Nara, a musa da bossa, deixou o asfalto e subiu o Morro da Mangueira, para encontrar as jóias de Cartola e Nelson Cavaquinho.
E assim, as obras-primas “O sol nascerá” (Cartola/Elton Medeiros) e “Luz Negra” (Nelson Cavaquinho/Amâncio Cardoso), chegavam aos ouvidos do grande público, eternizando-se na história da MPB.
Pelo rugido destemido de uma fera: Nara Leão!

“Opinião”
(Zé Keti)

“Podem me prender, podem me bater
Podem até deixar-me sem comer
Que eu não mudo de opinião.
Daqui do morro eu não saio não, daqui do morro eu não saio não.
Se não tem àgua, eu furo um poço
Se não tem carne, eu compro um osso e ponho na sopa
E deixo andar, deixo andar
Fale de mim quem quiser falar
Aqui eu não pago aluguel
Se eu morrer amanhã, seu doutor
Estou pertinho do céu”