terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Versos Infantis




Na infância conheci o que é magia.
Sentado na arquibancada, olhos coloridos ,
A sorrir com a chegada da caravana de artistas.
E o Mestre, sem cerimônia, anunciava em poesia:
É chegada a hora da fantasia.
Meu corpo já não agüentava, tamanha euforia,
E balançava... Ia e vinha...
E passaram os domadores, controlando tantas feras,
E vieram os trapezistas, fazendo suas estripulias,
E tinham os equilibristas, que com os pés, enchiam as vistas.
E na corte dos palhaços engraçados,
vinha um arrancando Gargalhada,
E também passaram as belas e formosas bailarinas.
E rufaram os tambores, anunciando a maravilha
Era a vez do grande mágico, pra encerrar com maestria
Uma noite que pra mim, jamais acabaria!
Surgiu entre fumaça, muita luz lhe refletia,
E não tinha um baralho, e nem tinha uma varinha.
Sua mágica era ilógica, tinha um ar de poesia.
E assim, Cartola em punho, começava a maravilha,
E dali saíram rosas, e depois vi pedrarias...
Eram verdes, eu me lembro, esmeraldas, que corriam...
Se espalhavam pelo chão, dando o toque de riqueza
Da Cartola não parava de sair a realeza...
Era um mundo que ali cabia
Saíam reis e suas rainhas, e também saiu um manto
E meus olhos, que encanto, reluziam em reverência
Ao ver que dentro daquela Cartola tinha a essência
Da emoção que duraria por uma vida inteira.
E se não bastasse tudo isso,
Era chegado o grande momento
E num sopro eis que surge um firmamento
Carregado de estrelas que molharam minha face
De profunda felicidade...
E cada gota que rolava se juntava a tantas outras,
E quando vi já era tarde, pois a seiva que me invadia
Já molhava outras faces e muitas gotas caíram ao chão,
E molharam as folhas secas, que irrigadas, igual sementes,
Germinaram um tronco forte,
Que alguém chamou Mangueira...
E seus frutos não se acabam, são pra uma vida inteira!