quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Outono


No outono, as folhas das árvores começam a cair. Esse fenômeno se dá por que é nesse período do ano, em que a incidência de luz solar diminui (as árvores dependem disso pra sobreviver) elas precisam guardar energias para atravessarem o inverno, concentrando então tudo que podem no caule.
E durante esse tempo, elas, as árvores, na verdade estão se preparando para florescerem na primavera, e finalmente, demonstrarem toda sua exuberância no verão.

Aliás, é no verão que acontece um dos maiores espetáculos da natureza, é quando somos presenteados com toda a força e beleza da árvore do samba, a grande e frondosa MANGUEIRA!

“Quando piso em folhas secas, caídas de uma Mangueira, penso na minha escola, e nos poetas da minha Estação Primeira...”
( “Folhas Secas” – Nelson Cavaquinho e Guilherme de Brito)


No carnaval desse ano, a Estação Primeira de Mangueira levará para a avenida, a história de NELSON CAVAQUINHO, que eternizou as “Folhas Secas” , no ano que completaria 100 anos de vida! E a homenagem da escola, rendeu esse belíssimo samba-enredo:

"O FILHO FIEL, SEMPRE MANGUEIRA!".
Alemão do Cavaco/Cesinha Maluco/Xavier/Ailton Nunes/Rifai/Pê Baianinho
QUIS O CRIADOR ME ABENÇOAR
FAZER DE MIM UM MENESTREL
TRAÇO O MEU PASSO NO COMPASSO
DO SURDO DE PRIMEIRA
SOU MANGUEIRA!

TRILHEI RUAS E VIELAS
"MORRO" DE ALEGRIA E EMOÇÃO,
PROCURANDO HARMONIA
ENCONTREI A POESIA...
ME ENTREGUEI À BOÊMIA
NO BURACO QUENTE, OLARIA E CHALÉ
COM MEUS PARCEIROS DE FÉ

TRAGO VIOLÃO
NO ZICARTOLA, OPINIÃO
SE TE ENCANTEI COM MEU TALENTO
ACABO TE VENDENDO UMA CANÇÃO

PASSEI... "AQUELA DOR" VENCEU ESPINHOS
AMOR PERFEITO EM NOSSO NINHO
QUE FOI DESFEITO AO LUAR
PRAZER... "ME CHAMAM" NELSON CAVAQUINHO
TATUEI EM MEU CAMINHO
SELETAS OBRAS MUSICAIS

SONHEI QUE "FOLHAS SECAS" COBRIAM MEU CHÃO
PRA DELÍRIO DESSA MULTIDÃO
IMPOSSÍVEL NÃO EMOCIONAR
CHOREI... AO VOLTAR PARA MINHA RAIZ
AO TEU LADO EU SOU MAIS FELIZ
PRA SEMPRE VOU TE AMAR


MANGUEIRA É NAÇÃO, É COMUNIDADE
MINHA FESTA, TEU SAMBA, NINGUÉM VAI CALAR
SOU TEU FILHO FIEL, ESTAÇÃO PRIMEIRA
POR TUA BANDEIRA VOU SEMPRE LUTAR

Se você quiser ouvir e baixar o samba, acesse o site da escola!

http://www.mangueira.com.br/


Fonte de Pesquisa (para o texto) : www.velhosamigos.com.br/

quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

O Morro tem vez!

Foto: "O Globo"

“O poeta disse que o morro não tem vez...
Andei pensando nisso e discordei,
O morro tem vez sim.
Tem vez...

Tem vez que ele chora
Tem vez que pode sorrir
Tem vez que ele implora
Tem vez que ele quer explodir

Tem pessoas que às vezes lutam
E aquelas que às vezes chutam
Chutam tudo prá cima,
Quando a tristeza não tem rima.

E, se escondem na fantasia
Correndo prá avenida
Buscando alguma euforia,
Enquanto resta um pouco de vida.

E quando o espetáculo acaba,
E o corpo pede arrego,
O choro então desaba,
Inunda o corpo num aconchego.

Aí é a vez de acordar prá real,
Continuar em busca de um ideal,
Esquecer o medo,
Enquanto aguarda o próximo enredo,
Olhar a moça que passa,
Mostrando um pouco de graça,
Com a lata d’água na cabeça,
Antes que o sonho faleça.”

Texto de Dielma Giangiulio, gentilmente cedido para este blog!

Se você gostou, isso é apenas uma “amostra grátis” do talento dessa amiga blogueira, que é dona de um talento e de uma sensibilidade para escrever, que, como diria qualquer Mangueirense, “nem cabe explicação”! ELA É BAMBA sem dúvida alguma! Confiram o blog dela, e verão que não é exagero!
http://alguemmeouviu.blogspot.com/

Foto: "O Dia"

“TRILHEI, RUAS E VIELAS,
MORRO DE ALEGRIA, DE EMOÇÃO!
PROCURANDO HARMONIA, ENCONTREI A POESIA...
E ME ENTREGUEI À BOEMIA
NO BURACO QUENTE, OLARIA E CHALÉ,
COM MEUS PARCEIROS DE FÉ”

(Trecho do samba-enredo da Mangueira para o carnaval 2011)
Para ouvir o samba todo, uma homenagem ao centenário do grande poeta NELSON CAVAQUINHO, basta clicar aqui! “IMPOSSÍVEL NÃO EMOCIONAR...”

terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Viciado em CACHAÇA!


Começou sem que eu me desse conta. Os amigos, sempre eles, me ofereceram, e a princípio torci a cara. Não gostei muito da aparência, achei que aquilo não era coisa de gente séria. Ofereceram de novo, e como eu não queria destoar da turma, resolvi provar um pouco. No começo achei até engraçado, porque não conseguia achar graça naquilo. E era apenas pra dar uma provadinha, mas acabou fazendo parte da minha vida. Cheguei a achar que eu poderia largar a hora que eu quisesse, que tudo estava sob controle. Com o tempo, as pequenas doses já não eram suficientes, e comecei a consumir mais e mais. Pouco já não fazia efeito e passei então a consumir muito. Como era agradável sentir aquele arrepio no começo, seguido de uma quentura no corpo, um nó gostoso na garganta. Eu precisava cada vez mais daquilo porque numa só dose eu fazia uma viagem!
Aquele efeito alucinógeno que me levava de uma floresta com um sítio engraçado bem no meio, onde uma boneca de pano falava com uma espiga de milho, e num piscar de olhos, me via diante de Castro Alves, Getúlio Vargas, de pretos, de prantos, de poetas!
Eu não tenho vergonha de dizer: VICIEI! Cada vez mais aumentando a dose, numa hora estava na Bahia vivendo as lendas do Abaeté, e logo em seguida lá estava eu, em pleno Rio antigo, onde uma mineira louca contava umas histórias engraçadas. Aquela cachaça me fazia delirar, e lá estava eu, numa mesa de bar, rodeado por Chico Buarque, Caymmi, Braguinha, Tom Jobim, compondo uma polca com Chiquinha Gonzaga, que pedia passagem pra um trio elétrico arrastar a multidão, ao som de sanfonas descendo a ladeira! Que doideira! E quando eu pensava que tudo acabava na quarta-feira, lá estava eu, copo não, bebendo, bebendo e bebendo cada vez mais daquela cachaça! Hoje eu sou um cachaceiro assumido! Não tenho vergonha, não tenho pudor, tenho o maior prazer de dizer que sem a CACHAÇA do Carlos, não dá pra viver!



Carlos Moreira de Castro, eternizado pelo nome de CARLOS CACHAÇA, foi um dos fundadores da Mangueira. Nascido nos arredores do Morro, desde pequeno freqüentava o lugar, e sua história confunde-se com a da escola e do próprio Morro da Mangueira. Desde a chegada dos primeiros habitantes, das primeiras rodas de candomblé do terreiro de Tia Fé, Carlos Cachaça freqüentou ranchos e blocos até que ajudou a fundar o Bloco dos Arengueiros, que viria mais tarde a se tornar a Estação Primeira de Mangueira. Por obra do destino, não participou da reunião que marcou a fundação da escola mas isso não lhe tira o mérito de ser um de seus fundadores. Poeta da música, teve com Cartola, seu compadre e parceiro, momentos de glória, como na canção “Alvorada”. Como a maioria dos sambistas do morro, teve o reconhecimento de suas obras tardiamente. Mas sua principal obra é a história de vida e dedicação ao samba. Foi Carlos Cachaça o primeiro compositor a fazer um samba enredo nos moldes do que se conhece hoje, com elementos históricos (“Homenagem”, falando de Castro Alves, Gonçalves Dias e Olavo Bilac) e se o carnaval carioca tem uma mãe (Tia Ciata) tem também um pai. CARLOS CACHAÇA, a quem a história reservou uma página gloriosa. Nunca poderá se falar de carnaval carioca e de escola de samba sem citar esse autêntico poeta verde e rosa de corpo, alma e coração!


E se alguém quiser se embriagar com um pouco de poesia, a sugestão é a cachaça do Carlos! A mais pura de todas, que tem um rótulo verde e rosa, e que foi batizada de MANGUEIRA!


APRECIE SEM MODERAÇÃO!

“Harmonia em Mangueira”
Carlos Cachaça
http://www.4shared.com/audio/LjNeZy7k/f.htm



Pesquisa de Texto: Revista da Música Brasileira (site), “Carlos Cachaça – 93 anos”, texto de Sérgio Cabral publicado na Revista Veja de 02/08/95 - Ilustração extraída do site pelepreta.zip.net