sábado, 30 de abril de 2011

28 de Abril

Lá se vão 83 anos desde que a semente do samba germinou, e dela surgiu a árvore que dá frutos a vida inteira. Suas raízes profundas não deixam ela tombar, e entra ano e sai ano, lá está ela, “soberba, garbosa”. Na falta de palavras para dizer tudo que sinto, eu fico com as palavras eternas de alguns dos maiores gênios de que a cultura brasileira tem notícia!

Vou me reservar ao direito de dizer apenas MANGUEIRA, EU AMO VOCÊ!

“A Mangueira me chama, eu vou

Sempre fui o seu defensor

Sou um filho fiel,

À Mangueira eu tenho amor”

(Nelson Cavaquinho)


“Todo tempo que eu viver
só me fascina você,
Mangueira
Guerriei na juventude, fiz por você o que pude,
Mangueira
Continuam nossas lutas, podam-se os galhos, colhem-se as frutas e outra vez se semeia
e no fim desse labor, surge outro compositor, com o mesmo sangue na veia.”

(Cartola)


“Alvorada lá no morro, que beleza
Ninguém chora, não há tristeza
Ninguém sente dissabor
O sol colorindo é tão lindo, é tão lindo
E a natureza sorrindo, tingindo, tingindo
Alvorada”

(Carlos Cachaça, Cartola, Hermínio Bello de Carvalho)


“Soberba, garbosa
Minha escola é um catavento a girar
É verde, é rosa
Oh, abre alas para a Mangueira passar”

(Chico Buarque/Hermínio Bello de Carvalho)


“Mangueira
Estou aqui na plataforma
Da estação primeira
O morro veio me chamar
De terno branco
E chapéu de palha
Vou me apresentar
À minha nova parceira (majestosa)”

(Tom Jobim/Chico Buarque)


“Sei lá não sei, sei lá não sei não
A Mangueira é tão grande
Que nem cabe explicação”

(Paulinho da Viola/Hermínio Bello de Carvalho)


“Mangueira
Eu me amarro
Não moro lá
Mas considero a Mangueira
Mangueira melhor parada da cidade é a Mangueira, Mangueira”

(Seu Jorge)


“Não estou aqui pra brincadeira,
Quero lhe dizer que sou Mangueira”

(Ivo Meirelles)


“E onde é que se juntam
O passado, o futuro e o presente?
Onde o samba é permanente?
Na mangueira minha gente!”

(Rildo Hora/ Sérgio Cabral)



“Ser mangueirense é uma vitória
Tão imponente é a nossa história
Vivo feliz em Mangueira”

(Almir Guineto/Fred Camacho/Arlindo Cruz)

segunda-feira, 18 de abril de 2011

"Ninguém vai calar"

O carnaval carioca há muito tempo deixou de ser aquela festa cheia de romantismo e entusiasmo. Desde os grandes bailes à fantasia em clubes e sociedades famosos, que passaram a ser o baile “de fantasias” (sexuais), aos tradicionais blocos de rua, que deixaram de ser o encontro dos jovens revolucionários, para ser o encontro dos jovens ávidos por bebida e beijos em bocas pra lá de beijadas. A revolução democrática que tirou o Brasil da ditadura, fez com que o carnaval perdesse bastante de sua essência. Restou apenas o espetáculo das escolas de samba, cada fez mais pasteurizado e hollywoodiano, regado a muito luxo, brilho e efeitos especiais, para um público cada vez mais preocupado com a estética e menos preocupado com o samba, e talvez por isso, aumente a dimensão do carnaval de Salvador, que na verdade é uma festa de rua, embalada por trios elétricos também cada vez mais cheios de efeitos, e por artistas cada vez mais estelares, preços cada vez menos populares e, dizem, um festival de violência gratuita à céu aberto. Tudo isso é o reflexo da sociedade atual, artificializada pelo que dita a mídia. Me perdoem a franqueza, mas vivemos tempos fúteis, onde conteúdo cultural e essência carnavalesca é o que menos importa. O que importa mesmo é ficar bonito no retrato, em poses mega “da hora” para estampar o “face” e o Orkut, e quanto mais famoso for o cenário, mais descolado é o perfil de quem posa. Absolutamente, não estou dizendo que isso não seja divertido, e nem tampouco que isso não seja carnaval. Mas vamos combinar que o carnaval já não é mais como antigamente, e para muitos, só resta mesmo recorrer ao Youtube para conhecer a grandeza dessa festa que já foi um dia o maior espetáculo da Terra. FOI! Não é mais! É cada vez maior o desinteresse pelos desfiles cariocas e já esse ano, vimos o IBOPE dos desfiles de São Paulo ultrapassar os do Rio, algo até bem pouco tempo inimaginável.

Todos tem lá sua parcela de culpa. O público, cada vez mais ansioso por efeitos especiais, a televisão, cada vez mais engessando o espetáculo em nome de sua grade e de seus patrocinadores, e as escolas, cada vez mais escravas dos patrocínios e cada vez mais distante de suas raízes, desfilando temas cada vez menos irrelevantes e cada vez menos preocupadas com o carnaval e sim com a fria técnica que , dizem, é o que determina quem é a melhor ou não.

Mas existe quem resista a tudo isso. Prestes a completar 83 anos de uma gloriosa e indiscutível história, a Mangueira desponta talvez como um símbolo da resistência. Justamente num momento em que todas as flechas apontam para temas cada vez mais disfarçados de cultura, porque na verdade o que conta é quanto cada enredo poderá render à escola, a verde rosa do Morro da Mangueira vai na direção contrária. Essa história de escola falida, que não atrai investidores, é conversa fiada de quem não entende absolutamente nada nem de carnaval, nem tem o mínimo de senso óbvio de perceber que Mangueira é uma marca sólida dentro do universo carnavalesco, portanto, qualquer patrocinador que esteja de fato antenado e que queria fazer sua marca ter uma grande projeção, com certeza gostaria de ter seu nome associado à escola, pelo simples fato de que é ela, sem dúvida alguma, a mais popular dentre todas. Não há nessa afirmação nenhuma ponta de soberba, ou desrespeito às demais agremiações, mas vamos combinar que não é todo dia que nasce um Cartola, e mais ainda, que esse mesmo cidadão, juntamente com outros tantos (talvez não tão sortudos diante da história) fundam uma escola de samba, escolhe a inusitada combinação de verde e rosa para ser suas cores, e atraí para o berço dela, os maiores nomes da música popular brasileira, que já cantaram em todas as formas e ritmos, a grandiosidade dessa que é sinônimo de raiz. A Mangueira é orgulhosa sim, e estampa seu orgulho sempre, seja nas letras de seus sambas, que sempre tem um espaço para uma exaltação a si, seja no sorriso de sua gente, que a cada ano, pisa a Sapucaí com um país inteiro à sua espera. É impressionante o que a Estação Primeira de Mangueira causa nas pessoas, sejam elas torcedoras , simpatizantes ou não.

Em 2012 não será diferente. A Mangueira, do alto de sua importância para o carnaval e para a cultura do nosso País, foi buscar no Cacique de Ramos, um símbolo da resistência carnavalesca, a inspiração para seu desfile. Mesmo correndo o risco de ser taxado de soberbo, ouso afirmar que poucas escolas, ou talvez nenhuma, tivesse a ousadia de ir buscar na história desse bloco inspiração para mostrar seu carnaval, abrindo mão de patrocínios, e de tantas outras coisa. Talvez seja esse o papel da Mangueira, o de fazer essa revolução silenciosa. E quando todas as outras vão buscar coisas mirabolantes para mostrarem na avenida, a verde e rosa vai buscar o que há de mais puro e simples. Vai levar pra avenida a história de um bloco que revolucionou uma época, o retrato de um povo que não se rende jamais, que está sempre pronto a soltar sua voz contra aquilo que não lhe agrada. A Mangueira tem esse dom, de ser a voz que não cala, que grita bem alto, que o samba e o povo é sua mais alta bandeira. E quando acaba o carnaval, a Mangueira deixa pra trás muito mais que imagens de um desfile, deixa a certeza de que enquanto ela existir, haverá espaço para o que há de mais importante na festa dita do povo: a satisfação dessa gente, em se ver ali, desfilando na passarela. Porque de todos os dons que a Mangueira tem, o mais grandioso é sem dúvida alguma, mostrar às pessoas a história delas próprias.

“Sou a cara do povo, Mangueira,

Eterna paixão!

A voz do samba, é verde e rosa

E nem cabe explicação”

terça-feira, 5 de abril de 2011

"O CHORO PODE DURAR UMA NOITE"


(Homenagem à Mangueira)

"Desde que nasce a gente topa com o destino
E a vida segue o seu curso natural
Eu aprendi a levantar desde menino
Ter fé em Deus sempre foi essencial

Vi meu barraco varias vezes ser erguido
Minha mãe chorando, com a gente ao relento
Mas se eu tivesse simplesmente desistido
Não passaria pra ninguém um bom exemplo

Para mim não há tempo ruim, de maneira
Não há dilúvio, toda chuva é passageira
Eu sei que o sol vai brilhar, Deus queira
E eu acredito pois eu sou Mangueira

To machucado por tudo que aconteceu
Não há ungüento que alivie a minha dor
Mas já dizia um bom e velho amigo meu
Deus dá o frio conforme o seu cobertor

Tantas tragédias, temporais chuva de açoite
Coisas da vida, e a gente pode padecer
Mas se o choro pode durar uma noite
A alegria virá ao amanhecer

Para mim não há tempo ruim, de maneira
Não há dilúvio, toda chuva é passageira
Eu sei que o sol vai brilhar, Deus queira
E eu acredito pois eu sou Mangueira"

Foto: Veja Abril

Letra de Pinho Sannasc, membro da organização mundial de escritores - contistas, ensaístas, cronistas e poetas "Poetas Del Mundo" e foi vencedor do Concurso "Mãos que Falam", organizado pelo Projeto Alma Brasileira. Participa dos Recitais Promovidos pelo PROJETO FALA ESCRITOR, cujo se tornou um dos organizadores , que gentilmente autorizou sua publicação no meu blog.

Desde criança apaixonou-se pela arte literária, e apesar da infância difìcil, fez de cada obstáculo um verso que engrandece a poesia que ilustra sua vida.
Na juventude conhece o suplemento literário ARTPOESIA, onde publica poemas, e daí começa então a participar de concursos literários, ganhando visibilidade concorrendo com poesias na Câmara Municipal de Salvador. Já “homem feito” como que num verso, reescreve sua história, agora, com trabalhos sociais junto a crianças e adolescentes, e a poesia propriamente dita, fica pacientemente à sua espera, num canto, apenas um pedaço de papel e pena! Que pena! Suas linhas saltam do papel e tornam-se realidade para crianças e adolelescentes de Salvador, no “Projeto Escola Aberta” e no “Programa Segundo tempo”.

SEGUNDO TEMPO... Profecia? Não, não estamos diante de um profeta, e sim, de um poeta, embora a rima seja bem atraente...

Em fevereiro de 2006, com menos de 26 anos sofreu um grave acidente de trânsito que o deixou com bastantes seqüelas, entre elas a própria dificuldade de poder escrever e na busca por reabilitação redescobre na poesia a sua antiga aliada contra as adversidades da vida. Adotou então o pseudônimo de “Pinho Sannasc”, com o qual passou a assinar as suas obras literárias.

Mas a maior sequelas de todas, essa não há tratamento capaz de amenizar. Ela se chama talento!


Não, ele não nasceu na Mangueira, talvez sequer tenha pisado lá algum dia. Mas poesia não tem pés, tem asas... E alguém com uma história de vida dessas, me faz lembrar as tantas histórias que “NUM SOBE E DESCE E CONSTANTE, FICA DESCALÇA ENSINANDO, UM MODO NOVO DA GENTE VIVER”.

Vale a pena conhecer mais um pouco desse grande poeta!

Pinho Sannasc

Contato:7187232335
Site: http://sannasc.com/publicacoes.php
Blog: http://pinhoopoeta.blogspot.com/
Twitter: http://twitter.com/pinhoopoeta

*Fotos meramente ilustrativas