terça-feira, 31 de maio de 2011

Festa na Tribo




No carnaval de 2012, a Nação Verde e Rosa terá muitos motivos para festejar! A Estação Primeira de Mangueira levará para a avenida uma homenagem a um dos blocos carnavalescos mais famosos e influentes da cultura nacional: o CACIQUE DE RAMOS. Mas engana-se que a escola contará na avenida apenas a gloriosa história de luta e resistência desse bloco, que fez história tanto por seus desfiles que arrastam multidões no centro do Rio há 50 anos, como também celebrará o carnaval de rua, a manifestação mais autêntica das grandes massas. A Mangueira resgata não apenas a história do Cacique!

Faz uma ode ao povo brasileiro, que espalha-se nas ruas nos 4 dias da folia, nessa mistura maravilhosa de pobres, ricos, brancos, negros, uma mistura tipiciamente popular brasileira. E foi nas origens do samba, a inspiração que a escola mergulhou para contar, através dos tempos, que o povo é o artista principal dessa festa que encanta multidões desde muito tempo. É um retrato fiel da perseverança, da força da união, e principalmente, a celebração aos guerreiros, todos aqueles que nunca se deixaram abater, persistindo bravamente para manter viva a nossa cultura.
O negro, que veio escravizado da África, jamais deixando para trás suas tradições e sua herança cultural, mantendo-a viva até dos dias de hoje, naquilo que conhecemos como a maior festa popular do planeta. Um povo por muitas vezes segregado, por sua origem racial ou social, que em diversos momentos da história, foi duramente marginalizado, e mesmo assim nunca desistiu! Um povo valente e festeiro, que invadiu as ruas, ganhou as cidades para mostrar seu valor, mesmo quando era proibido e até perseguido por simplesmente querer festejar. Mas o samba, que "agoniza mas não morre", sobreviveu à custa de gente simples, como eles, como nós, que não deixa a chama da tradição e da paixão por nossa bandeira se apagar. Esse enredo traz muito do “ser Mangueirense”, essa mistura de verde e rosa, que desperta um amor incondicional, que se supera nas maiores adversidades, fazendo dela a mais esperada, a mais comentada, a mais aguerrida das escolas que passam na Marquês de Sapucaí, graças à força imponente do canto de sua comunidade, da raça e da vontade de mostrar ao mundo, que naquele morro e naquela gente, mora uma alegria constante, um orgulho que não tem fim. A força de uma gente que RESISTE bravamente, e que não perde jamais sua identidade. Esse enredo é a celebração aos valores mais primitivos e puros do carnaval de verdade. Um carnaval feito pela gente descalça que invade as ruas nos dias da festa momesca, sem preocupar-se com as mazelas do dia a dia. Um povo que tira a máscara e mostra sua verdadeira face. Um povo que só quer mostrar ao mundo que é feliz. Um povo, que assim como o Cacique de Ramos, sobrevive, atravessando o tempo, e mantendo-se fiel às suas raízes. Ele, o Cacique, nas suas batucadas, à sombra da tamarineira, a revelar ao mundo seus talentos. Foi de lá que sairam nomes como Jorge Aragão, Almir Guineto, Arlindo Cruz, Dicró, Mauro Diniz, Zeca Pagodinho, Luis Carlos da Vila, Neguinho da Beija-Flor e tantos outros, além é claro, o Grupo Fundo de Quintal, que é na essência, o próprio Cacique de Ramos. A Mangueira definitivamente assume seu papel de levar não só alegria, mas cultura ao nosso País, voltando no tempo, para encontrar-se com a festa do povo, e com ele celebrar, como era no princípio, quando ainda embrião, lá pelos idos do início do século passado, quando dava seus primeiros passos como o "Bloco dos Arengueiros" e tantos outros, que juntos, irmanados, transformaram-se na escola de samba mais querida do planeta.

A MANGUEIRA É O CACIQUE DESSA ENORME TRIBO CHAMADA CARNAVAL!
Então, vamos todos dizer ao mundo em alto e bom som:
"VOU FESTEJAR, SOU CACIQUE, SOU MANGUEIRA!"








E para conhecer um pouco mais dessa belíssima história que a Mangueira mostrará no carnaval de 2012, visite o site oficial da escola. É "impossível não emocionar".


http://www.mangueira.com.br/





Fonte de Pesquisa: Sinopse do enredo "Vou Festejar, Sou Cacique, Sou Mangueira", de autoria de Beth Carvalho, Sérgio Cabral e Bira Presidente - Estação Primeira de Mangueira - Carnaval 2012.


quarta-feira, 25 de maio de 2011

Festejando!


Nem tinha me dado conta que foi mais ou menos nessa época, há 1 ano que eu inaugurava esse blog!

E ele chega a essa idade, justamente na mesma época em que Beth Carvalho está voltando à cena, já recuperada, e quando a Mangueira anuncia seu enredo para o carnaval de 2012, uma homenagem ao Cacique de Ramos. Aniversário do blog, Beth Carvalho e enredo da Mangueira, motivos de sobra, e por isso, “VOU FESTEJAR” reeditando um texto meu, que vem bem a calhar nesse momento.

“Pois é, essa árvore é usada pelos botânicos e geólogos como um medidor de catástrofes naturais do ambiente.
Quanto mais temporais e tempestades o carvalho
enfrenta, mais forte ele fica! Suas raízes naturalmente se aprofundam mais na terra e seu caule se torna mais robusto, sendo impossível uma tempestade arrancá-lo do solo ou derrubá-lo!
Cada tempestade para um carvalho é mais um desafio a ser vencido e não uma ameaça! - Numa grande tempestade, muitas árvores são arrancadas, mas o carvalho permanece firme!”
(extraído do texto de autoria de Dario Oliveira, “Todos deveríamos ser como árvores de carvalho”, do site www.arvoredecarvalho.com.br)




Não, não nasceu no morro! Nasceu nos seus arredores, ali na Gamboa, que hoje abriga a Cidade do Samba (talvez ela já soubesse, e apenas quis enganar a gente).
Não, não levou uma vida desregrada, nem teve que subir e descer ladeira!
Seu quintal foi o mesmo da bossa nova, a Zona Sul carioca, e ainda menina, sempre sapeca, deu uma volta no “Trem da Alegria”, de onde ouviu-se seus primeiros acordes, nas ondas do rádio. Trem... Rádio... Talento... Essa mistura esquisita só podia dar em samba, e por mais que não quizesse (cismou que era bailarina!) as notas do violão pareciam embriagar-lhe.
Ela foi valente, bem que tentou! Lutou com todas as suas forças contra seu destino.
Menina rebelde!
Menina Beth! Sempre foi do Carvalho!
Mas o banquinho e o violão do "desafinado" João Gilberto acabou sendo a redenção!
É, a rebeldia era tamanha, que tinha que ser pelo desafino, o convencimento de que a música era o caminho a seguir.
E nas “andanças” dessa vida, não teve jeito, teve que subir “1800 colinas”, e chegou no topo, e foi quando entregou-se, corpo, alma, coração e canção, ao samba. Amor à primeira vista, e dele tornou-se a “enamorada”. De roda em roda, de violão em violão, esbarrou com Nelson Cavaquinho, Zé Ketti, e tantos outros, até que do Mestre Cartola, ganhou rosas. Mas essas rosas “não falam, simplesmente exalam” o perfume forte que só nos jardins de Mangueira florescem.
Nascia então um amor que não tem fim.
Desses de novela, com todos os ingredientes de um bom folhetim! Cheio de juras, de promessas, indas e vindas, lágrimas e sorrisos, separação e enfim, reconciliação. Uma hora, sentada à sombra da tamarineira,foi enfeitiçada pelos tambores de um certo Cacique, e com tanto cacife, noutro momento, estava sentada num botequim, e foram tantos os “botequins da vida”, que sem se dar conta, estava já “alta”. E a cabeça girou, “o mundo é um moinho”, e de tanto girar a cabeça e levar requebro aos quadris, rodou o mundo, fazendo o mundo inteiro girar.
E o tempo foi passando, e "folhas secas" caindo ao chão, tal qual rebentos, a chamar-lhe agora de madrinha.
E sob suas bênçãos, o “pagodinho” do Zeca, e de tantos outros partideiros lá do "fundo de quintal", alcançou o estado de graça.
E assim, rodando nas rodas de samba, tal qual bailarina, na ponta dos pés, calçados de chão, que sempre viveu, no meio da gente simples, uma gente orgulhosa de ser "brasileiríssima"
Mas o céu, quando se é estrela, nunca será o limite, e como quem nasce para brilhar, brilha aqui ou em qualquer lugar, seu brilho chegou ao espaço, onde nenhum ser da Terra ousou um dia tocar!
Que “coisinha tão bonitinha do Pai” essa menina! Fez o samba ultrapassar as fronteiras do universo, e há quem diga, que os marcianos (que eu tenho certeza que são verdes, cheios de bolinhas rosas) nunca mais foram os mesmos depois que uma certa semente brotou pelas bandas de lá!
À bela árvore que nasceu, deram o nome de Carvalho!


(Fontes de Pesquisa: Beth Carvalho – site oficial e Dicionário Cravo Albin da Música Popular Brasileira – site oficial)


O enredo da Mangueira para o carnaval de 2012 “Vou Festejar, Sou Cacique, Sou Mangueira”, já está disponível no site oficial da escola!

Visitem, vocês vão gostar!

www.mangueira.com.br

domingo, 15 de maio de 2011

Rainha do Carnaval




Acordou bem cedinho naquele que pra ela era um dia especial.

Pôs-se a arrumar as vestes, depois de, do alto de sua janela, contemplar o dia. Não lhe importava se era frio ou calor, se era chuva ou era sol, pois era o dia do seu esplendor.

Caprichosamente, lavou a alma de todo aquele tempo de espera, e passou a atinar para os pequenos detalhes. Tudo bordado cuidadosamente ao longo de meses e meses, mas ainda assim, pregava, costurava e limpava: últimos detalhes.

Agora, diante do espelho, não via marcadas em seu rosto as cicratizes. Apenas chegavam aos seus olhos, os reflexos felizes. Ela sorriu! O rosto faceiro tinha traços de um país inteiro. Em cada ruga, em cada marca de expressão, ela via diante de si a cara de uma imensa nação. Verde, amarelo, branco e anil, e a saltar de seus olhos um brilho molhado, deixando-os rosados, repletos de emoção.

E seguiu seu ritual, agora a enfeitar-se das pedras preciosas que recolhera ao longo de toda sua vida.

Lentamente, vestiu sua coroa, e fez-se então gloriosa rainha.

Antes de deixar seus aposentos, cobriu-se com o seu manto e foi-se a caminhar.

E quando apontou nas portas do salão real, foi aclamada por todos os seus súditos.

Rufaram os tambores, soaram tamborins:

- Chegou a Rainha, soberana do Reino do Carnaval.



A Estação Primeira de Mangueira não foi cantada apenas por grandes poetas da música nacional. Não é raro vermos um samba-enredo de outra escola de samba, ou desfile, que de alguma maneira, cite a verde e rosa.

No ano de 1972, a escola de samba Acadêmicos do Salgueiro, do carnavalesco Fernando Pamplona foi além, e fez um enredo em homenagem à Mangueira, que é sua madrinha, e de quebra, deixou gravado na história um samba-enredo antológico, cujos versos muita gente já ouviu com certeza!



“Minha Madrinha, Mangueira Querida”

Composição: Zuzuca do Salgueiro

Samba-Enredo do Salgueiro - 1972


Tengo-Tengo
Santo Antônio, Chalé (bis)
Minha gente, é muito samba no pé!

Em noite linda
Em noite bela
Viemos à avenida
Desfilar em passarela
O batizado será lembrado
Pelo Salgueiro de agora
Alô Laurindo, alô Viola
Alô Mangueira de Cartola

Tengo-Tengo
Santo Antônio, Chalé (bis)
Minha gente, é muito samba no pé!

Ô ô ô, oh meu Senhor
Foi Mangueira (bis)
Estação Primeira
Que me batizou

Para ouvir e baixar na voz de JAIR RODRIGUES:

http://www.4shared.com/audio/Y6oIl2mB/Jair_Rodrigues_72_-_Mangueira_.html



Fonte de Pesquisa e Imagens:

Site Oficial da Escola de Samba Acadêmicos do Salgueiro

UOL

O Globo



sábado, 7 de maio de 2011

Pipas, Balões e Poesias



Linha, palitos, papel

Juntos, a colorir o céu!

“Hoje tem fogueira, viva São João”

Junto às estrelas, brilha o balão.

E se os dias são ensolarados

Pipas a bailar com todo seu gingado.

Linhas escritas num pedaço de papel

Por vezes saídas da grafite de um palito

“Bela época, quando o poeta floresceu”

A nos contar a história do infinito

E no reino dos castelos de madeira

“Ele é o rei na verde e rosa da Mangueira”


Hélio Rodrigues Neves, nascido no Grajaú. Com seis meses de vida mudou-se para o Morro da Mangueira onde vive até hoje. Seus dons logo se manifestaram com a imensa habilidade em confeccionar pipas e balões, que faziam a alegria de todos e poderia ser só isso, não fosse uma obra do acaso, daqueles que só acontecem para quem o acaso é apenas uma questão de tempo. À procura de Jorge “Pelado”, para encomendar-lhe um colchão de molas, foi parar na quadra da Mangueira, justamente no dia em que a ala dos compositores estava reunida para criar sua diretoria. E lá estavam Carlos Cachaça, Cartola, Jurandir, Nelson Sargento e tantos outros mas em meio a tanta confusão, partiu do “Pelado” a solução, num tom de profecia: “- Coloca o Hélio!”.

O ano era 1957, e assim, o Hélio “Turco”, que ganhara o apelido porque era sobrinho do Jorge de mesmo sobrenome, de quem herdou o armarinho, foi compondo, compondo, compondo... E foi vencendo, vencendo, vencendo. E não por acaso, é o maior vencedor de sambas-enredo da história da Mangueira, celeiro de tantos bambas! São 16 vitórias, fora as duas na escola mirim, a Mangueira do Amanhã!

E o acaso, que foi tão conivente com ele, ainda lhe presenteou com o reconhecimento público de obras-primas do gênero! E mesmo os mais leigos conhecem alguns de seus versos. Como esse:

“Sinhá Olímpia,

Quem é você?

Sou amor, sou esperança,

Sou Mangueira até morrer!”

(“E deu a louca no barroco” – 1990)

Ou desse, o primeiro samba-enredo a ficar conhecido no Brasil inteiro:

“E assim...
Neste cenário de real valor
Eis o mundo encantado
Que Monteiro Lobato criou”

(“O mundo encantado de Monteiro Lobato – 1967)

Ou ainda o samba cujo refrão foi considerado o melhor da história dos sambas-enredo:

“O negro samba, o negro joga capoeira,

Ele é o rei na verde e rosa da Mangueira”

(“Cem anos de liberdade: realidade ou ilusão? – 1988)

E aquele que foi eleito em pesquisa popular do “Jornal dos Sports” e da “Rádio 94 FM” como o melhor samba-enredo do século passado:

“É no balancê, balancê,

eu quero ver balançar,

é no balanço que a Mangueira vai passar...”

(“Yes, nós temos Braguinha” – 1984)

HÉLIO TURCO, após anos de afastamento da ala dos compositores, voltou à atividade em 2010. Foi finalista dos dois concursos de samba-enredo da Mangueira desde então e é atualmente o PRESIDENTE DE HONRA DA ALA DOS COMPOSITORES.

Fonte de Pesquisa:

http://www.dicionariompb.com.br/helio-turco/obra

“Hélio Turco – o mestre” – Patricia Raposo (institutodocarnaval.blogspot.com)

*As obras citadas são de autoria de Hélio Turco, com as seguintes parcerias:

1967 – Darci, Jurandir, Batista e Luiz

1984 – Jurandir, Comprido, Arroz e Jajá

1988 e 1990 – Jurandir e Alvinho