sábado, 18 de junho de 2011

Onde o Rio é mais baiano?

"E assim seguimos nosso caminho, por este mar, de longo, até que, terça-feira das Oitavas de Páscoa, que foram 21 dias de abril, estando da dita Ilha obra de 660 ou 670 léguas, segundo os pilotos diziam, topamos alguns sinais de terra, os quais eram muita quantidade de ervas compridas, a que os mareantes chamam botelho, assim como outras a que dão o nome de rabo-de-asno. E quarta-feira seguinte, pela manhã, topamos aves a que chamam fura-buxos.


Neste dia, a horas de véspera, houvemos vista de terra! Primeiramente dum grande monte, mui alto e redondo; e doutras serras mais baixas ao sul dele; e de terra chã, com grandes arvoredos: ao monte alto o capitão pôs nome - o Monte Pascoal e à terra - a Terra da Vera Cruz. “

(A Carta de Pero Vaz de Caminha - Descobrimento do Brasil)


O ritmo que é a tipificação da cultura brasileira, tem origens diversas, porque na verdade é uma mistura de sons de várias culturas. Chegando ao Brasil, oriundo da África, o “semba” misturou-se com diversos outros ritmos, para tornar-se o que hoje conhecemos como o samba propriamente dito.

É ponto pacífico que o samba como conhecemos nasceu na Bahia, berço da nossa colonização, a primeira estação do Brasil. E foi da Bahia, essa terra cheia de encantos, cheia de ritmo e swing, sem dúvida alguma a terra mais cantada e exaltada por nossos artistas, que vieram “as Ciatas” com destino ao Rio de Janeiro, e aqui, fincaram sua bandeira, e juntando o mais puro tempero baiano com a ginga carioca, ocorreu a explosão musical que ganhou o mundo. E se o Brasil foi descoberto na Bahia, e se a Bahia é o berço do samba, e se da Bahia veio a semente que se espalhou pelo Rio e em seguida, pelo mundo, isso siginfica que foi a Bahia a primeira! E o destino é tão certeiro que o primeiro samba que foi gravado oficialmente, em 1917, chamado “Pelo Telefone”, de Mauro de Almeida e Donga, teve como intérprete alguém que atendia pelo nome de BAHIANO!


"Mas, e onde a Mangueira entra nisso?"

Quem responde é Caetano Veloso, porque, segundo ele, é na Mangueira “Onde o Rio é mais Bahiano”.

"A Bahia,
Estação primeira do Brasil
Ao ver a Mangueira nela inteira se viu,
Exibiu-se sua face verdadeira.
Que alegria
Não ter sido em vão que ela expediu
As Ciatas pra trazerem o samba pra o Rio
(Pois o mito surgiu dessa maneira).
E agora estamos aqui
Do outro lado do espelho
Com o coração na mão
Pensando em Jamelão no Rio Vermelho
Todo ano, todo ano
Na festa de Iemanjá
Presente no dois de fevereiro
Nós aqui e ele lá
Isso é a confirmação de que a Mangueira
É onde o Rio é mais baiano."

Ilustração:

“Samba de Roda no Morro” (Dina Garcia)


*Estação Primeira do Samba recomenda:

http://www.irdeb.ba.gov.br/jornalismo/materias-especiais/media/view/229


Fonte de Pesquisa: http://www.suapesquisa.com/samba/

http://oliveiradimas.blogspot.com/2011/03/atelie-dina-garcia-em-cruz-das-almas.html

quarta-feira, 8 de junho de 2011

O Tom (de um piano)




“A música de Antonio Carlos Jobim e a Estação Primeira de Mangueira são duas das maiores referências da identidade carioca. (Biscoito Fino)




Voa e vai bem longe,

Vai buscar ela pra mim.

Em seu vôo derradeiro

Cruza o céu a desvendar

Águas de março,

Onde foram desaguar

As belezas do meu Rio de Janeiro.

Corcovado, Ipanema

Copacabana, um poema!

Em seu doce balanço a caminho do mar

Não se esqueça de cantar...

Voa meu sabiá,

Espalhe flores lá na praia,

Que a Tereza vai gostar!

Diga à Ligia, e à Gabriela

E claro, não esqueça dela,

Maria da Graça, de voz enfeitada

Nem de Luciana, de riso tão lindo

E vê se encontra nesse seu vôo

Onde anda Luíza.. Onde, Ana Luíza?

Faz uma coisa por mim, Passarim

Diz pra toda gente

que o trem de ferro

já vai chegar na Primeira Estação

mas não vou levar banquinho e violão

Vou ofertar à minha nova parceira

Um soneto, o da eternidade

Se apressa Passarim,

O morro mandou me chamar

Vou subir meu piano na Mangueira:

É nele que você vai enfim pousar!

Antônio Carlos Brasileiro de Almeida Jobim, ou simplesmente TOM JOBIM, é um dos maiores compositores da música popular brasileira. Responsável direto pela internacionalização da música brasileira, é um artista respeitado, admirado, e serve como referência para músicos do mundo inteiro. Sua fama e talento ultrapassaram as fronteiras brasileiras, e foi através de Tom, que a bossa nova e a nossa música ficaram eternizadas no cancioneiro mundial. Lalo Schifrin, Quincy Jones, Coleman Hawkins e Dizzy Gillespie e o mito Frank Sinatra renderam-se à genialidade de Tom, que fez uma carreira mundialmente sólida.

Teve em Vinicíus de Moraes uma das mais bem sucedidas parcerias de que a música brasileira tem notícia, além ainda de encontros e composições memoráveis ao lado de Chico Buarque.

No ano de 1991, é lançado o disco “No Tom da Mangueira”, que é aberto com a obra-prima “Piano na Mangueira” – última composição de Tom Jobim com a parceria de Chico Buarque.

No ano de 1992, a Mangueira o homenagearia em seu desfile, com o enredo “Se todos fossem iguais a você”, onde o maestro, compositor, cantor, violonista e pianista foi aclamado publicamente.

Em 1994, o “Passarim” voou para bem longe, para pousar junto às estrelas.

“Afago o manuscrito original do Piano na Mangueira, que Tom e Chico me ofertaram com tanta delicadeza, repetindo que a Mangueira é mesmo tão grande que nem cabe explicação, assim como este disco é para mim um chão de esmeraldas que volto a pisar ao lado de meus queridos concidadãos mangueirenses”(Hermínio Bello de Carvalho – Produtor Musical)





Fonte de Pesquisa: “Biscoito Fino” (site) “UOL Educação – Biografias” (site).