sábado, 26 de março de 2011

Grande Pequena!


E com sua saia a girar, a girar
Num giro pelo morro,
o que se viu foram becos
De pernas pro ar.
A girar, a girar,
Num giro desses foi logo a saia amarrar
E pintar, e bordar
Em cores que giram por todo o lugar.
E lá vai ela, a girar, a girar
Girando na avenida
Girando por toda a vida
E lá foi ela girar
Por onde giram as estrelas
E agora gira, gira
Por todo o sempre
Com sua saia rodada
E a alma toda enfeitada
Com as folhas, frutos e louros
Em volta do tronco forte
da árvore que dá samba:
Mangueira.

Nair dos Santos, a NAIR PEQUENA, uma das fundadoras da Estação Primeira de Mangueira, foi também a fundadora da 1ª ala feminina da escola, a “Ala das Cozinheiras”. Mas foi na ala das baianas que ganhou notoriedade, sendo considerada a mais famosa baiana da história da verde e rosa. Seu amor pela Mangueira era tão grande, que sua “passagem” foi em plena avenida: no desfile das campeãs de 1970, quando a escola ficara em 3º lugar com “Um cântico à natureza”, Nair Pequena “morreu de alegria, de emoção”. Toda a escola seguiu, como que num cortejo, com a bateria fazendo a marcação apenas com seu surdo de primeira.


Alcione, fez em forma de canção, uma bela homenagem. “Nair Grande”, é uma faixa do disco “Acesa”, e fala dessa que é sem dúvida alguma, uma das estrelas que formam a grande constelação Mangueirense.

“Cadê? Cadê?
Já não posso mais ouvir
Cadê? Cadê? As congadas de Nair?
Ouvi dizer
Nair Grande já chegou
No céu da Mangueira Nair arengueira
Tá com Dona Zica e Angenor”
("Nair Grande" - Alcione)
Para baixar, na barra lateral a canção inteira.

Fonte de Pesquisa: Blog Alcione – Morena Forrozera do Cangote Suado

terça-feira, 15 de março de 2011

Anos dourados, verdes e rosas

Historicamente, os ditos “anos dourados” ficaram marcados principalmente pela mudança política que o Brasil atravessava. JK na Presidência num projeto arrojado, resolve transferir a capital do País para Brasília, e isso não passou em brancas nuvens, principalmente no Rio de Janeiro, até então a capital da nação. Eram tempos de confiança, e embalado pelo slogam progressista dos “50 anos em 5”, o Brasil de certa forma vivia um bom momento. Toda essa expectativa refletiu diretamente em diversos movimentos culturais, e não poderia deixar de ser assim com o carnaval e com o samba. O carnaval de escolas de samba ainda não tinha o gigantismo de hoje , e a folia popular ficava por conta mesmo de blocos e desfiles de rua, num tempo em que a participação do povão era mais efetiva. E nesses tempos em que todo o otimismo, e também as desconfianças, povoavam o imaginário popular, compositores e sambistas viveram momentos de grande inspiração. Foi um período rico em sambas e marchas, e a Estação Primeira de Mangueira, já na época reconhecida como um verdadeiro celeiro da cultura nacional, era tema recorrente em várias canções que embalaram aqueles carnavais. Muitas marchas e sambas ficaram esquecidos pelo tempo, mas foi nessa época, que verdadeiras obras-primas do gênero foram compostos:



Ângela Maria embalou um dos maiores sucessos da época, o “Fala Mangueira”, composição da dupla Mirabeau e Milton de Oliveira.


“Fala Mangueira, fala

A força da tua tradição

Com licença da Portela, Favela

Mangueira mora no meu coração”


Já no “Levanta Mangueira”, de Luiz Antonio, a letra já exaltava o estreito caso de amor entre o morro e o samba:


“Levanta Mangueira

A poeira do chão

Samba de coração”

E foi também nesse período de ouro, que surgia na voz do Mestre Jamelão, aquele que se tornaria um dos maiores símbolos da verde e rosa. Em 1956, há mais de 40 anos, o mestre apresentava a obra-prima de Éneas de Brito e Aluizio Augusto, “Exaltação à Mangueira”. Com versos singelos e contundentes, traduz com maestria toda a nobreza e magia que envolve a “escola de samba mais querida do planeta”


"Mangueira teu cenário é uma beleza
Que a natureza criou, ô...ô...

O morro com teus barracões de zinco,
Quando amanhece, que esplendor,
Todo o mundo te conhece ao longe,
Pelo som de teus tamborins
E o rufar do seu tambor, Chegou, ô... ô...
A mangueira chegou, ô... ô...

Mangueira, teu passado de glória,
Está gravado na história,
É verde-rosa a cor da tua bandeira,
Pra mostrar a essa gente,
Que o samba é lá em Mangueira !"

Fonte de Pesquisa: “Sociedade Brasileira, uma história dos movimentos sociais. Da crise do escravismo ao apogeu do Neoliberalismo (Rubim Santos Leão de Aquino/Fernando Vieira/Gilberto Agostino/Hiran Roedel) – Editora Record