sábado, 29 de dezembro de 2012





Há algum tempo temos assistido pelas redes sociais,  a grande batalha que se desenhou na Mangueira.  De um lado, os opositores da atual administração apontam falhas, defeitos, fazem denúncias (geralmente baseadas no noticiário), e do outro, a “situação”, que se defende das acusações, e assim vai seguindo nossa escola, na maioria das vezes, segregada a segundo plano.  Não estou aqui para fazer apologia política em favor  ou contra quaisquer grupos, até porque ao longo dos seus mais de 80 anos de história, a Mangueira teve sei lá quantos diretores, quantos Presidentes, cada qual com seu valor  e hoje, se perguntarmos para a grande maioria dos mangueirenses quem era o Presidente da escola no ano de mil novecentos e vovô charuto, aposto o pouco de cabelo que tenho que à exceção dos mais antigos, ninguém  vai saber.

O pouco conhecimento que tenho da história da Mangueira,   me faz enxergar essa troca de gentilezas entre as partes com tristeza, mas sem nenhum espanto.   O que difere essa grande guerra de outras, é que hoje com as redes sociais, a notícia chega a um número maior de pessoas, de resto, nada de novo numa espécie de disputa de poder que certamente jamais vai deixar de fazer parte , infelizmente, da nossa escola.
O que tem me chamado atenção em todo esse imbróglio atual da verde e rosa é o papel de alguns veículos de imprensa.  Por conta da tão alardeada liberdade de expressão,  as notícias parecem ser pela metade.  Me sinto tal qual num fast-food, onde come-se rápido, porém mal servido, só para dar uma tapeada no estômago.  Eles fazem uma grande chamada para a matéria, e quando vamos ler, nos deparamos com meia dúzia de linhas que afirmam, que acusam, e que nada comprovam.  Bem recentemente, a Revista Época trouxe em sua capa uma matéria falando da associação de algumas escolas de samba com o dinheiro dos bicheiros, e citou a Mangueira (jogo de bicho? Mangueira?) numa menção à CPI do Cachoeira, que aliás, não deu em NADA!  Segundo a matéria, as escutas estão sendo feitas desde,  O ANO DE 2006!  Em que pese que a justiça é lenta por demais, fico me perguntando porque esse assunto veio à baila justamente nesse momento, às vésperas do carnaval, e como não sou dado a coincidências, e já deixei de acreditar em  Papai Noel faz tempo, só posso crer que tudo isso é um grande Circo armado.  Se  houveram irregularidades , caberá à justiça (?) determinar.  Sou da opinião de que tudo isso tem algum objetivo, talvez tão ou mais sujo do que o suposto envolvimento das escolas com o tal do Cachoeira.

As redes sociais tem exercido uma influência perigosa nas notícias e nas pessoas.  Em se tratando da nossa escola,  o que temos assistido é um festival de acusações e de defesas, mas, que pena, todas pessoais!   E A MANGUEIRA, ONDE FICA NISSO TUDO?  QUEM VAI DEFENDER NOSSA ESCOLA, que haja o que houver nesse mar de lama todo, já está com seu nome e prestígio afundados já faz algum tempo?
Usando a frase  do  Mestre Jamelão na gravação do samba-enredo de 1996: “MUDA MANGUEIRA”.   Mas  a mudança mais desejada deve ser a de FILOSOFIA, DE MENTALIDADE, e não a de pessoas.  Não adianta trocar quem senta na cadeira, porque as bundas, no final das contas, são todas iguais, e fazem sempre o que as bundas fazem de melhor!

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

Ser Mangueirense

Arte: Tatii Ladeira

Ser mangueirense não é torcer por uma escola de samba. Quando se é Mangueira, o samba corre nas veias, e os pés por mais calejados que possam ser, sempre encontram conforto no rufar de um tambor. Ser mangueirense é entender que a poesia é muito mais que palavras escritas, é perceber sua plenitude, mesmo que mal saiba assinar o próprio nome. É tingir cada passo que sobe e desce ladeiras, com a alegria do verde e rosa que , dizem os incautos, são cores que não combinam bem. É chorar... Chorar de tristeza, chorar de alegria, chorar de emoção, chorar através de um pandeiro e de um tamborim. É chorar pelo simples fato de ser Mangueira. Ser mangueirense é nunca estar satisfeito. É o descontentamento constante, que somente se dissipa nas cinzas da quarta-feira. É viver sempre no alto, a contemplar o sol que não para de sorrir, nem de fazer o suor escorrer pelo rosto cansado das idas e vindas por entre os becos e vielas. Ser mangueirense é ser um guerreiro, é lutar dia após dia pedindo ao mundo um pouco de paz, é desarmar-se dos preconceitos e assumir sua própria identidade. É não ter cor na pele, aliás, ser mangueirense é não ter pele: é ter couro! Saber transformar cada batida que leva num sonoro grito de alegria. É ser pedra bruta e ainda assim reluzir feito diamante. Ser Mangueira é ter braços, pernas, coração, é enfrentar cada dia como quem doma um leão. É reconhecer-se nos mais simples versos , e ter a certeza que eles durarão por toda uma eternidade. É pisar no asfalto com a mesma sutileza que se pisa na lama, e entender que todo mundo te conhece ao longe, porque a Mangueira é tudo do pouco que resta, é um pouco de tudo aquilo que presta e do que não presta e não há uma só pessoa no meio da multidão que não se reconheça nas cores que traz na bandeira .Ser mangueirense é atravessar a avenida, é atravessar o tempo, é começar pelo fim, é virar-se do avesso. É fazer o caminho contrário, é contradizer a procissão, rezar todos os dias e pedir que todo seu pranto nunca tenha sido em vão, mesmo que seu canto de oração desapareça no horizonte, junto com o último vagão. Ser mangueirense é enfeitar-se de fita, entrelaçar-se com outros e então soltar o nó da garganta, desatando na explosão do grito de campeão. Ser mangueirense é querer a vitória até o último momento, e no final não se importar com a posição, porque ser Mangueirense, é saber que se é, que se foi, e que sempre será a Mangueira, de todas, a primeira!

Foto: Denise Carla

(Comissão de Frente da Mangueira - Carnaval 2011 - Estandarte de Ouro)