quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Dalvíssima



Vênus, mitológica essência do amor

Vênus, astrológica estrela brilhante

Vênus, mitologia, astrologia: cintilante.

Estrela a brilhar, a conduzir

Melchior, Gaspar e Baltazar

Estrela de Belém, guiando Reis Magos ao altar.

Matutina, vespertina, entre os gregos: Afrodite!

Deusa que sustenta a afeição,

A que cuida do convívio social.

Dentre todos os planetas, o mais quente,

O lugar do universo onde tudo roda diferente,

É no leste teu poente!

Planeta Vênus, onde mais se torna menos.

Como pode a ciência explicar,

Que o ano nesse lugar, leve menos tempo que um dia para acabar?

Tão distante e radiante que num olhar penetrante

Qualquer um pode enxergar.

Lá no céu, a estrela mais brilhante,

É Vênus a nos olhar!

Para nós, simples mortais,

Que não sabemos de astrologia, nem de mitos

Ela se chama ESTRELA DALVA.

(Para muitos, DALVINHA, a nossa MAINHA! Uma eterna Mangueirense)

Homenagem à uma amiga MANGUEIRENSE que até no nome é uma estrela!

quarta-feira, 10 de agosto de 2011

Parangolé e Samba no Pé

“A Mangueira, para mim, é como se existisse há 2 mil anos: como expressão, o seu samba possui algo de arcaico, como se nascesse da terra; não me impressiona tanto a “tradição”, mas o arcaísmo que contém a sua expressão. Na sua maneira de ser há algo que nos leva às origens das coisas.”

Hélio Oiticica


Com certeza qualquer leigo ao ouvir a palavra “parangolé”, no mínimo terá em mente aquele conjunto baiano, famoso muito mais pelo swing e pelas coreografias provocantes do que propriamente pela qualidade musical. Não por acaso, “parangolé” na verdade é um nome adequado a esse grupo musical, que tem no movimento do corpo, um dos maiores atributos. Sim, eles fazem música para dançar, para fazer com que as pessoas se expressem de forma corporal, sem preocupar-se propriamente com o que a música em si significa. É como "vestir" a música.

Foi Hélio Oiticica, um artista plástico considerado um dos mais visionários de seu tempo, quem inventou o tal do “parangolé” (não o conjunto musical, claro!). Já destacado pintor, Oiticica tinha o dom de reiventar-se, e num dado momento, percebeu que a pintura deveria saltar das telas, e “entrar” nas pessoas, posto que como arte, a pintura também tinha o objetivo de aguçar os sentidos, e não poderia ser privilégios de poucos. Em seus delírios artítiscos, Hélio Oiticica vislumbrou quadros vivos, que poderiam adquirir vários aspectos, de acordo com a interatividade de quem os vestisse! Sim, ele criou uma forma de expressão artística, que ia além das telas e das paredes. As pessoas eram as telas, e as matizes, tons, cores, texturas, materiais e formas eram emoldurados de acordo com o interlocutor. Algo meio surreal e extremamente audacioso, o fato é que nascia ali o que ficou conhecido como PARANGOLÉ, que sacudiu o mundo das artes plásticas, e reservou a esse brasileiro um lugar imortal na galeria dos grandes artistas plásticos da história da arte contemporânea. A importância de suas obras e de seu invencionismo é tamanha, que foi a partir de uma obra sua, também interativa, a qual ele batizou de “Tropicália”, que inspirou-se toda a base visual e conceitual do movimento que com certeza todos já ouviram falar, o nosso brasileiro e porque não dizer, universal, tropicalismo.

Peça da mostra "Tropicália"

E foi lá pelos anos de 1963, numa ida a um ensaio da Estação Primeira de Mangueira, que o genial artista, ao ver o movimento frenético dos corpos, embalados pelo som único da bateria, produzindo aquela explosão mítica de arte, corpo, movimento e cores, que Hélio Oiticica criou o que chamaria de “antiarte” ou “antipintura”, ou PARANGOLÉ! Então, porque não dizer que Parangolé nada mais é do que a personificação, em forma de imagem, daquilo que todos conhecem como o samba que brota dentro de cada um, ao ouvir o rufar dos tambores da Estação Primeira de Mangueira. O samba verde e rosa, transpõe a fronteira dos sentidos, e passa a ter forma visual. A paixão do artista pela escola foi tamanha, que a partir daí, dedicou-se a aprender a sambar, e a desfilar pela escola, o que fazia parte de seu processo criativo. Entender o que sentiam aquelas pessoas diante do que considerava algo único.


O parangolé não é apenas para ser visto, é para ser vestido e sentido. A arte, nesse caso, não é a obra, e sim sua comunhão com quem a veste, que lhe dá as formas de acordo com quem as usa e movimenta. O que Hélio queria era fazer com que a arte plástica pudesse ser admirada por todas as classes sociais, afinal de contas, a arte é “do” e “para” o povo, e já não cabia nas telas e nas paredes. E como tudo que é novo causa espanto, Hélio num primeiro momento foi “marginalizado”. Na abertura da mostra "Opinião 65", no MAM/RJ, protesta quando seus amigos integrantes da Mangueira são impedidos de entrar, e é expulso do museu. Realiza, então, uma manifestação coletiva em frente ao museu, na qual os Parangolés são vestidos pelos amigos sambistas. Estava ali a consagração de seu estilo, e seus parangolés, e a verde e rosa do morro, escreviam seus nomes para sempre na história da arte moderna brasileira.

Hélio Oiticica, o artista performático, pintor e escultor, que nascera no Rio de Janeiro em 1937, viveu algum tempo em New York, e voltou para a capital carioca no final dos anos 70. Em 1980 morria o homem, e nascia o mito que revolucionara as artes plásticas com seu conceito. E seus “parangolés” são hoje admirados pelo mundo inteiro, e servem de referência para novas expressões artísticas. E tudo isso nasceu num dia qualquer do ano de 1963, num ensaio da Mangueira!

Obra de Ernesto Neto, inspirado no movimento de Hélio Oiticica

Para conhecer um pouco mais da obra desse grande artista plástico, e passista da Estação Primeira de Mangueira, acesse

http://educacao.uol.com.br/biografias/helio-oiticica.jhtm


Fonte de Pesquisa: "Ensaios - Parangolé" - Antônio Cícero
"Um pintor no samba" - Sibila (site)
UOL Educação - Site