
E como tudo invarialmente tem seu início, com os sambas-enredo não seria diferente e, claro, tem que passar pela Mangueira, a ESTAÇÃO PRIMEIRA DO SAMBA.
Sempre haverá quem discorde, evidente, até porque muito do que se sabe dos carnavais antigos, é baseado em histórias que foram passando boca a boca, e nem sempre pesquisadores e historiadores do tema são unânimes ao afirmar coisas sobre o assunto.
O fato é que o samba “Homenagem”, que data de 1933, embalou o desfile da Estação Primeira de Mangueira, cujo enredo era “Uma 2ª feira do Senhor do Bonfim” e tomando por parâmetro a idéia de que um samba-enredo tem como principal característica abordar um determinado tema, esse samba foi o primeiro, ou um dos primeiros de que se tenha registro, a abordar algum tema específico. Claro que um samba-enredo não tem como base apenas o fato de contar uma história, ele tem também características melódicas próprias, que o diferenciam de outros sambas.
Ao falar de samba-enredo, é impossível não citar, por exemplo, os famosos “É hoje” (regravado por Caetano Veloso), “O amanhã” (imortalizado na voz de Simone), “Yayá do Cais Dourado” (Martinho da Vila), os dois primeiros da União da Ilha e o último da Vila Isabel. Nasceram sambas-enredo, e tornaram-se classicos da Música Popular Brasileira.
O que pouca gente sabe é que alem desses, outros sambas-enredo, que habitaram a pré-história do gênero, vieram a tornar-se grandes canções da MPB.
Um deles em especial, leva a chancela verde e rosa, e fez um estrondoso sucesso na década de 70, nas vozes de Paulinho da Viola e Cartola! Se eu disser “O destino não quiz”, quase ninguém saberá de que música estou falando. Se eu mencionar “Não quero mais”, alguns mais saudosistas saberão que estou me referindo a uma canção que fez sucesso no final da década de 40, na voz de Aracy de Almeida. Mas se eu mencionar “Não quero mais amar a ninguém”, aí sim, muitos lembrarão desse belo samba! O que poucos sabem, é que todos os títulos citados, referem-se à mesma canção, de autoria de Cartola e Carlos Cachaça, adaptado posteriormente por Zé com Fome, e que embalou o desfile vice-campeão da verde e rosa no longínquo carnaval de 1936! Um samba que atravessou o tempo, e quase 40 anos depois, ressurgiu para ser imortalizado pela dupla que encantou o mundo da música na década de 70!

”Não quero mais amar a ninguém
Não fui feliz
O destino não quis
O meu primeiro amor
Morreu como a flor
Ainda em botão
Deixando os espinhos
Que dilaceram meu coração
Semente de amor
Sei que sou desde nascença
Mas sem ter vida e fulgor
Eis a minha sentença
Tentei pela primeira vez
Esse sonho vibrar
Foi beijo que nasceu e morreu
Sem se chegar a dar
Às vezes dou gargalhada
Ao lembrar o meu passado
Nunca pensei em amor
Não amei nem fui amado
Se julgas que estou mentindo
Jurar sou capaz
Foi um simples sonho que passou
E nada mais”
http://www.4shared.com/audio/7gMhBb2t/05-No_Quero_Mais_Amar_a_Ningum.htm
(áudio com Beth Carvalho)