"O samba Alvorada foi feito em uma madrugada quando eu e Cartola descíamos o morro do Pindura Saia".
(Carlos Cachaça na última faixa de sua única obra discográfica)
(Carlos Cachaça na última faixa de sua única obra discográfica)
Impossível não evidenciar que a relação samba-morro é ao mesmo tempo estreita e controversa. O samba, que desde sua origem é marginalizado, seguiu com suas origens na direção dos morros cariocas. A discriminação implícita nas pessoas, acabou por fazer do samba, a voz do morro, dos excluídos. Ocorre, que de forma controversa, esse mesmo ritmo marginalizado, é o que melhor exemplifica a cultura brasileira.
Partindo do suposto de que o samba passou a ser a voz do morro, temos diversas vertentes a serem abordadas.
Uma delas, e a mais bela e admirada , é a visão poética! Nessa abordagem, as mazelas e dificuldades são simplesmente omitidas. Não que haja má fé, mas, os poetas sambistas, em vários momentos, lançaram olhares poéticos sobre a rudeza da vida segregada da favela, e nos presentearam com suas principais obras do gênero.
“Alvorada”, o clássico de autoria de Cartola e Carlos Cachaça, surgiu, segundo Carlos Cachaça, numa madrugada em que ambos desciam o morro do Pindura Saia. A visão da natureza, a embriaguez de beleza, os fez lançar um olhar totalmente poético sobre o Morro da Mangueira. Não acredito ter sido uma tentativa de esconder os problemas de toda comunidade carente, mas sim uma forma de mostrar que o morro, não é feito apenas de mazelas. Uma forma de mostrar que existe beleza, e que os dias no morro, nascem como nascem em qualquer lugar. O morro deixa de ser sombrio, e explode em beleza. E quem sabe não quiseram os autores despertar a esperança, e mostrar que a vida floresce no morro, resistindo bravamente às dificuldades.
Partindo do suposto de que o samba passou a ser a voz do morro, temos diversas vertentes a serem abordadas.
Uma delas, e a mais bela e admirada , é a visão poética! Nessa abordagem, as mazelas e dificuldades são simplesmente omitidas. Não que haja má fé, mas, os poetas sambistas, em vários momentos, lançaram olhares poéticos sobre a rudeza da vida segregada da favela, e nos presentearam com suas principais obras do gênero.
“Alvorada”, o clássico de autoria de Cartola e Carlos Cachaça, surgiu, segundo Carlos Cachaça, numa madrugada em que ambos desciam o morro do Pindura Saia. A visão da natureza, a embriaguez de beleza, os fez lançar um olhar totalmente poético sobre o Morro da Mangueira. Não acredito ter sido uma tentativa de esconder os problemas de toda comunidade carente, mas sim uma forma de mostrar que o morro, não é feito apenas de mazelas. Uma forma de mostrar que existe beleza, e que os dias no morro, nascem como nascem em qualquer lugar. O morro deixa de ser sombrio, e explode em beleza. E quem sabe não quiseram os autores despertar a esperança, e mostrar que a vida floresce no morro, resistindo bravamente às dificuldades.
“Alvorada lá no morro, que beleza,
Ninguém chora, não há tristeza
Ninguém sente dissabor
O sol colorindo é tão lindo, é tão lindo
E a natureza sorrindo, tingindo, tingindo
( a alvorada )....”
Ninguém chora, não há tristeza
Ninguém sente dissabor
O sol colorindo é tão lindo, é tão lindo
E a natureza sorrindo, tingindo, tingindo
( a alvorada )....”
Existe também o samba como forma de expressão e rebeldia. Uma forma de chamar atenção para as mazelas, para o abandono, e até quem sabe, um grito de socorro. Hoje, é comum vermos nos noticiários cenas de horror nos morros cariocas, mas isso, toda essa difusão de informações, dá-nos a falsa sensação de que a vida no morro, de uma hora pra outra, tornou-se um caos. Engana-se quem pensa assim. Todo processo tem um começo, e não existem fenômenos. O que acontece hoje, é fruto de um processo longo, de anos, que talvez tenha apenas se agravado em face da própria evolução da sociedade, cada vez mais desinteressada, ou conformada. Muitos sambas serviram como pedido de socorro, grito de alerta, e mostraram o lado não tão poético das favelas.
Zé Ketti, em 1965, já denunciava o descaso das autoridades, o abandono da sociedade, e na canção “Acender as Velas” já dizia o que hoje, mais de 40 anos depois, vemos nos noticiários.
“Acender as velas
Já é profissão
Quando não tem samba
Tem desilusão
É mais um coração
Que deixa de bater
Um anjo vai pro céu
Deus me perdoe
Mas vou dizer
O doutor chegou tarde demais
Porque no morro
Não tem automóvel pra subir
Não tem telefone pra chamar
E não tem beleza pra se ver
E a gente morre sem querer morrer”
Em ambos os casos, fica evidente que o sambista do morro teve sensibilidade para ver beleza onde para os olhos preconceituosos da sociedade, só existe miséria e dor. E teve coragem, para mostras àqueles que se conformaram com a miséria e a dor, que a marginalização do morro é um problema comum, e não isolado. O samba, sem sombra de dúvida, é uma voz que não cala. E se de um lado, ele nos conforta, e nos faz sonhar que belas imagens, de outro, ele nos traz à realidade que não queremos enxergar. O samba é a flor que nasceu na terra árida, esquecida, mas que foi regada com sentimento, com orgulho, com engajamento. O samba que vem do morro é a prova de que existe esperança, existe uma gente que não pode , nem nunca será esquecida. Porque o samba jamais vai se calar! Ele sempre estará a nos lembrar que aquela gente esquecida, está cada vez mais presente em nossa vida. De alguma forma, o samba nos chama para a realidade poética, ou para a poesia insossa chamada favela!
Fontes de Pesquisa:
http://www.jblog.com.br/hojenahistoria.php?itemid=3995
“Artigo: As múltiplas representações da ‘favela’ no universo das letras de samba” - André Pelliccione ( Jornalista e Mestre em Ciência Política pela UFRJ). Para o SINDSPREV on line.
Créditos da segunda foto: Claudia Ferreira
o Samba foi encarado como "marginalismo" mas graças a pessoas de boa índole que compõem este cenário que a cultura venceu o preconceito e hoje o samba é visto com bons olhos.
ResponderExcluirbelo blog.
grande abraço.
www.bloginoportuno.blogspot.com
Bons Ventos!!
Cartola é um gênio esse samba Alvorada é apenas mais um samba de liguagem favelística, tão simples de uma beleza linda
ResponderExcluirÉ claro que no morro há gente honesta, vida pacata, beleza e graça. O carnaval está aí pra provar que as favelas possuem mais pontos positivos do que negativos.
ResponderExcluirAté que hoje o morro é mais reconhecido pela sociedade coom o turismo e as Unidades de Polícia Pacificadora, mas sabemos que ainda há muito a ser feito.
gostei muita da postagem
ResponderExcluircurto saber sobre a história do
samba que é uma coisa muito nossa!
parabéns pelo blog.
beijos
Vim retribuir a visita ao meu Blog e mesmo sendo fã de Rock, não tive como não ler e gostar do conteúdo, por morar no bairro do Riachuelo, e por conseguinte, ser vizinho e conhecer muita gente boa da Mangueira, o samba acaba andando junto.
ResponderExcluirGrande abraço e parabéns.
Quando quiser se rir e se divertir, seja bem vindo:
http://comentariosdoedu.blogspot.com/
Acho que o samba é diversificado. Descontada as origens na sociedade marginalizada, ele hoje é respeitado e também se tornou uma forma de manifestação sobre qualquer tema. Basta ver os enredos ultra originais das escolas de samba, sempre versateis e diversificados nos temas.
ResponderExcluirAbração
www.enthulho.blogspot.com
Comento com maior prazer aqui!!!
ResponderExcluirtb admiro muito a Mangueira. E nem moro no Rio heim?!.. sou PE!! : )
um abraço
Ahhhhhhhhhhh agora vc. pegou no meu ponto fraco do samba rsrsrs eu respeito muito mas muto mesmo e ate gosto de algumas musicas do cartola. acredito que existam poucos como ele com uma sensibildiade musical aguçada assim, perfeito^^
ResponderExcluirdeleite atualizaDO: RSS
http://www.pequenosdeleites.blogspot.com
Cartola foi um gênio, um visionário!
ResponderExcluirSe tivesse nascido em outro país certamente teria muito mais reconhecimento!
@zecajagger
http://www.shitnessbook.blogspot.com
não á atoa que se tornou tão popular entre nós
ResponderExcluire é muito bom saber que aquele ''povo esquecido'' já não é mais deixado de lado
Ola amigo,
ResponderExcluirComo já li e comentei essa sua maravilhosa matéria, dessa vez apenas aproveito para te informar que foi criada hoje a Central Única dos Blogueiros (CUB)
Que tem como objetivo a ajuda mútua entre os blogueiros e a adoção de um código de ética para a blogosfera (dando mais credibilidade ao seu blog)
É totalmente gratúito.
Filie-se agora!
http://www.centralunicadosblogueiros.blogspot.com
@centralunicadosblogueiros
Meu blog:
http://www.shitnessbook.blogspot.com
@zecajagger
Grande matéria...
ResponderExcluirCartola, aquela historia do samba que ele e cachaça criaram subindo o morro juntos e bêbados eu já ouvi falar...
Apesar de eu ser um amante do rock concordo que o samba é um estilo musical bem expressivo e muitos até rebeldes!
Parabéns pelo blog!
http://falando-peloscotovelos.blogspot.com/
Prefiro o samba antigo, sabe?
ResponderExcluirNão cito nomes, pois não é um estilo que me agrada, mas, em comparação com o samba de hoje, eu fico com o antiguinho!
:)
Adorei o post,parabens pelo blog!
ResponderExcluirEstou ajudando uma amiga minha com a divulgação do blog dela, ficarei grata se puder seguir e comentar ! http://gihcamp.blogspot.com/
Quanto mais eu passo aqui no seu blog, mais a gente aprende sobre solidariedade, informação e o Samba de verdade.
ResponderExcluirSem palavras. Abraço.
http://williamkusdra.blogspot.com/
O samba no começo era apenas no morro, com o passar do tempo até em casa de gente "rica" que criticava, toca.
ResponderExcluirSAMBAAAAAA \o
Samba não é meu estilo de música preferida...
ResponderExcluirNão conheço ninguém na area do Samba pra ser sincera... Mais nenhum preconceito contra o estilo das músicas ou ritmos, vivemos em um país livre e cheio de culturas. Parabéns pelo post. Abraço
Adorei as cores verde e rosa! Muito bonito, lembrei dos meus primos que adoram a Mangueira.
ResponderExcluir"Acender as velas
ResponderExcluirJá é profissão
Quando não tem samba
Tem desilusão"
Nara Leão cantou isso, não é?
Lindo post, lindo o blog!!
E viva o samba! O samba somos nós!
Eu sou o samba!
as composições do Cartola são simple, porém muito poéticas.
ResponderExcluirGrande Cartola... cores, adoro, não sou daltônico, mas vejo 1000 cores diferentes em ti, sem falar no verde e no rosa...
ResponderExcluir;)
O Samba e o morro... tempos mudaram, ligação continua... infelizmente menos poética, e o samba mais "profissionalizado".
ResponderExcluirabç amigo
Pobre Esponja
O Francorebel acabou me lembrando...
ResponderExcluirGostaria de saber se você tem em mente publicar uma matéria sobre a Nara Leão!
Obrigado.
http://www.shitnessbook.blogspot.com
Sandro vim agradecer pelo comentário no “Pedaços de Mim”.Agradeço pelos comentários de qualidade que tem feito no meu Blog.Espero que goste do post de hoje.Quanto ao seu blog tenho que dizer que são poucos em nosso Brasil que dão valor a nossa cultura."não deixe o samba morrer" http://digho.blogspot.com
ResponderExcluir"Mais importante que conhecer a arte é sentir a dor do artista." (Calcanhar de Aquiles)
ResponderExcluirO surdo, pandeiro e o cavaco, através do samba, são expressões daqueles que insistem em acreditar na construção de um país menos hierarquizado e excludente.
Abração do amigo "Calcanhar" aqui.
E tem assuntos q na minha opinião não rendem o suficiente para dar um blog, achei isso sobre o tema desse blog e me enganei 'redondamente'.
ResponderExcluirAtualize isssssoooo!!!!^^
ResponderExcluiré bom passar por aki e ver curiosidades sobre a musica esta que tanto amo.
ps.: meu delite fi atualizado duas e vezes e nda de vc. por la hein rs gosto dos seus comentarios coerentes e criticos...
bju
Caramba !!!! eu add seu blog assim que você o lançou fazia mto tempo que não vinha aqui, e me arrependo por demais de ter ficado ausente. A partir de hoje entro aqui todo dia, o visual da pagina é bonito, o conteúdo é de primeira !!!!
ResponderExcluirParabens Amigo!!! e vê se aparece na quadra !!
Muito bom o blog!
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