domingo, 6 de junho de 2010

Somos todos Mangueirenses!

A Mangueira me faz sentir plural. Diante dessa bandeira, parece que me foge a inspiração. Me sinto sem criatividade, repetitivo, na verdade, um tolo! O que falar da Mangueira que ainda não foi falado? O que cantar pra Mangueira que ainda não tenha sido cantado? A Mangueira esgotou os adjetivos! Não tem palavra, que explique Mangueira. “A Mangueira é tão grande , que nem cabe explicação!” . Viram, começou o clichê! Ah, tem outra, que eu adoro, que é “é verde e rosa a cor da tua bandeira, pra mostrar pra essa gente, que o samba é aqui em Mangueira!”. Inspirado, mas não é meu. Por mais que tente, me fogem versos originais pra falar de Mangueira. Será que o fato de ser a “Mangueira uma mãe”, me sinto assim, meio criança? A grande verdade , é que não dá pra falar de Mangueira, sem que “pense nos poetas da minha estação primeira”.
Confesso, tudo começou em 1984, quando a escola foi e voltou. Ela foi, voltou, e carregou consigo meu coração. E nunca mais devolveu! Absurdamente ela me tomou pra si, e nem me deu chance de escolha. Covardia isso! A Mangueira é assim, uma espécie de arrebatamento. Primeiro que não tem quadra, tem um Palácio. E nesse Palácio, os Reis e Rainhas tornam-se súditos, e os súditos, são os verdadeiros reis e rainhas. Em Mangueira somos um pouco do tudo que queremos, mas nem sempre podemos. É onde o rico se junta ao pobre. É onde o homem chora. É onde a mulher é forte diante da fragilidade. É lá em Mangueira que os adultos viram crianças, como que brincando num imenso salão, lambuzados de felicidade, e onde crianças são adultos, tamanha a seriedade com que trazem no sangue e no pé, a essência viva do samba. O mais engraçado, é que em Mangueira, os velhos são sempre novos, e os novos, se sentem velhos, como se fossem senhores do samba. Na verdade, Mangueira não tem torcedores, tem MANGUEIRESES, e me ofendo se me chamarem de torcedor! (essa também não é minha, mas é excelente). Mangueira não tem puxadores, tem intérpretes. Mangueira não tem sambas, tem hinos. Mangueira não tem chão, teu um céu que pode ser tocado com nossos pés! A Mangueira entranha nas veias... O sangue que corre nas nossas veias é verde e rosa. A Mangueira tem a majestade singela de “uma rosa que não fala”. Em Mangueira não tem preto, nem tem branco! Em Mangueira tem gente de uma só cor. É lá , em Mangueira, onde o morro tem vez! É quando a ladeira corre ao contrário, é onde pra cima que todo santo ajuda, ao contrário da crença popular. É onde o famoso vira fã, e o fã vira artista. É em Mangueira que todos se encontram, se encantam, se enamoram, e cantam, um só canto. Mangueira é assim, coração enorme, onde vive Cartola, Jamelão, Padeirinho, Hélio Turco, Saturnino, Carlos Cachaça, “Nelsons” (o Cavaquinho e o Sargento), Delegado, Ivo, Tantinho, e o Onésio, e o Marrom e o Jaguara e tantos outros. Vivem Tidinha, Zica , Neuma, Neide, a Beth, Alcione, Rosemary, e a Bisteka, e Juliana e tantas outras.. E lá vivem a Maria, o João, vive o José, o Pedro, a Dona Josefa, a Tia Regina. É lá em Mangueira que vive você, que eu vivo! Porque, lá em Mangueira, todos nós sentimos que de fato estamos vivos! Em Mangueira ninguém morre! A Mangueira eterniza! Porque lá, não temos nome: somos todos MANGUEIRENSES!

2 comentários:

  1. Nossa, que isso! É covardia...um texto assim, senhor, lá vou eu chorar de novo, não posso tentar explicar o porque, pois quem não é Mangueira jamais entenderá,e pra quem é,não precisa explicação!

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  2. Exato Lili... Mangueira é algo que realmente não dá pra explicar.. a gente sente! E fico feliz de saber que nossos frutos nunca terminam, como vc, tão jovem, e já mais um fruto nosso...

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